Trump mira presidentes da Câmara e do Senado por travas a pautas favoráveis a Bolsonaro
Governo Trump reprova ações de Hugo Motta e Davi Alcolumbre e cogita sanções diplomáticas

Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
Os presidentes da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), passaram a ser observados de perto pelo entorno do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A informação foi divulgada pela coluna de Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, e aponta possíveis sanções diplomáticas como resposta a atitudes consideradas prejudiciais a aliados da direita internacional, como o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Segundo a reportagem, a Casa Branca sob influência trumpista teria demonstrado descontentamento com Hugo Motta por ter travado a votação do projeto de lei que prevê anistia a réus e condenados por envolvimento em atos golpistas. A medida é considerada estratégica por setores da oposição, pois poderia beneficiar diretamente Bolsonaro, alvo recente de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
No caso de Davi Alcolumbre, o foco da crítica seria a resistência em pautar pedidos de impeachment contra ministros do STF, como Alexandre de Moraes — que já teve seu visto de entrada nos Estados Unidos revogado. Apesar da pressão crescente, o presidente do Senado tem reiterado a aliados que não pretende colocar em votação o afastamento de nenhum membro da Corte.
Na última quarta-feira (23), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chegou a protocolar oficialmente um pedido de impeachment contra Moraes, alegando censura e cerceamento de direitos políticos de seu pai. A falta de resposta do Senado tem ampliado o desgaste com setores bolsonaristas e também com representantes do trumpismo.
Além disso, Hugo Motta causou frustração entre congressistas de oposição ao vetar o funcionamento de comissões parlamentares durante o recesso. Parte da base bolsonarista defendia a suspensão das férias legislativas para dar celeridade a projetos que reagissem às medidas cautelares impostas a Bolsonaro, como o uso obrigatório de tornozeleira eletrônica.
A aproximação entre aliados de Bolsonaro e Donald Trump vem se intensificando nos bastidores, com trocas de apoio mútuo e sinalizações públicas de solidariedade. O suposto incômodo com lideranças do Congresso Nacional brasileiro reforça essa conexão ideológica e pode desencadear novos episódios de tensão política e diplomática nos próximos meses.