PSDB do Ceará aposta em Ciro Gomes para 2026 e mira apoio do eleitorado bolsonarista
Ozires Pontes diz que candidatura ao governo está próxima e pode unir tucanos, PL e bolsonaristas

Foto: Reprodução / Redes Sociais
O presidente do PSDB no Ceará, Ozires Pontes, afirmou que faltam apenas detalhes para que Ciro Gomes se filie ao partido e dispute o governo estadual em 2026. Em entrevista à coluna de Carlos Madeiro, do portal UOL, o tucano destacou que Ciro será o nome da oposição ao governador Elmano de Freitas (PT).
"A gente já vem conversando há um tempo, e nossa conversa sempre foi a de ele disputar o governo do estado. No começo, ele estava resistente, dizia que não estava mais pretendendo disputar eleição. Mas hoje ele vê os números, nos escuta e não nega [a possibilidade]", disse Ozires, que também é prefeito de Massapê.
Segundo o dirigente tucano, Ciro tem condições de atrair o voto bolsonarista, apesar das recentes rusgas com o PL, após críticas à família Bolsonaro sobre o tarifaço dos EUA. Para ele, o episódio já foi superado: "O pessoal vota no Ciro, até porque os nomes dele [do PL] não têm idade para concorrer [30 anos]. A conversa que temos é de o deputado Alcides [pai do deputado federal André Fernandes] sair para senador, com o Ciro para governador. Aí a gente vai ver a outra vaga do Senado e o vice, mas vamos fazer uma aliança forte", explicou.
Ozires ainda avaliou que Ciro precisa adotar um tom mais moderado para ampliar alianças:
"Só tem um jeito de Ciro não vencer: se ele ficar verborrágico. Se ele for um pouquinho polido, controlado, habilidoso e menos explosivo, está tudo certo. O público bolsonarista do Ceará quer votar nele, digo com convicção. Conversei com sete bolsonaristas de cidades diferentes, que estão doidos para votar no Ciro porque sabem que ele é referência de gestão. Ciro precisa só ter inteligência emocional, porque intelectual ele tem de sobra", declarou.
O presidente do PSDB cearense também ressaltou afinidades programáticas: "Ciro não é de extrema direita, como nós também não somos. Mas concordamos muito mais em um projeto de estado, e não concordamos com o que está aí. Então os pontos que nos unem são mais fortes que os pontos em que a gente diverge", disse.
Ciro já foi filiado ao PSDB entre 1990 e 1996, período em que governou o Ceará e assumiu o Ministério da Fazenda no governo Itamar Franco, durante a implantação do Plano Real. Depois, passou por PPS (atual Cidadania), PSB, PROS e, atualmente, está no PDT.
Ciro como opção “anti-Lula”?
Ozires evitou se aprofundar sobre uma possível candidatura de Ciro à Presidência em 2026.
"Para não dizer que não houve conversa sobre ele ser candidato a presidente, quem falou disso foi o Aécio [Neves], mas acredito que ele falou mais preocupado com o partido do que pensando em uma vitória", disse.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Ciro pode acabar assumindo o papel de “anti-Lula” na disputa, já que potenciais candidatos da direita seguem atrelados ao ex-presidente Jair Bolsonaro e encontram dificuldade em construir uma candidatura própria.