Lula discursa para brasileiros em Portugal e promete um país melhor
Presidente eleito se encontrou com cerca de 200 representantes brasileiros de movimentos sociais, coletivos de esquerda e associações de imigrantes
Foto: Divulgação/PT
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou com cerca de 200 representantes brasileiros de movimentos sociais, coletivos de esquerda e associações de imigrantes, em seu último compromisso oficial em Portugal. Lula solicitou o encontro para agradecer a vitória no país, segundo maior colégio eleitoral geral no exterior, sendo Lisboa a cidade com mais eleitores fora do Brasil.
A reunião contou com discursos de Lula, da futura primeira-dama Rosângela Lula da Silva e de Fernando Haddad (PT), ex-prefeito de São Paulo que concorreu ao governo do estado de mesmo nome, nas eleições deste ano.
Alguns coletivos entregaram documentos, livros e presentes ao presidente eleito. O Núcleo do PT em Portugal continuará informando Lula sobre problemas vividos pelos brasileiros no país europeu, como xenofobia, situação econômica e documentação. Esses pontos devem ter mais atenção nesta retomada da relação entre os países, principalmente na primeira cúpula bilateral prevista para 2023.
Diante de parte da maior comunidade estrangeira em Portugal, com cerca de 500 mil pessoas no total, incluindo brasileiros com cidadania ou à espera de documentação, Lula lembrou que, quando era presidente, os brasileiros retornavam do exterior. Ele disse que pretende melhorar o Brasil para quem optar por voltar.
"Às vezes, eu fico triste quando vejo brasileiros morando em outros países porque não conseguiram oportunidades de estudo ou trabalho no Brasil. Eu tenho orgulho quando era presidente, porque tanta gente que tava fora voltou, porque tinha trabalho e se sentiam bem. Vocês, que estão aqui estudando ou trabalhando, espero que comecem a voltar para o Brasil orgulhosamente", disse.
"Vocês estão em uma das cidades com melhor qualidade de vida da Europa, e outra coisa: vocês não têm dificuldade de aprender o português. Se bem que, se eles não falarem devagar, a gente não entende. Aqui é como se vocês se sentissem em casa e eu também sou de casa (...). Espero que quando cada um de vocês queira voltar para o Brasil, o Brasil esteja pronto logo logo para recebê-los. Mas se quiserem ficar aqui, que Deus ajude. Não precisa nem tirar cidadania, fica como brasileiro mesmo", completou.
Entretanto, com o novo visto para morar em Portugal e procurar trabalho, o movimento tende a ser o contrário. Em menos de duas semanas, quase dez mil brasileiros fizeram cadastro no site do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), que é a primeira etapa para se candidatar ao visto.
Depois, Lula chamou a primeira-dama, Janja, para discursar para uma plateia de militantes, composta por uma maioria de mulheres.
"Queria agradecer o apoio da comunidade brasileira em Portugal. Se no Brasil as mulheres deram a vitória a Lula, aqui não foi diferente. Vamos olhar com mais carinho para as mulheres da periferia, que não conseguem levar comida para casa, para seus filhos. Para todas as mulheres que estão aqui e no Brasil: nós vamos fazer diferente, fazer melhor", disse Janja.
Lula brincou: "As mulheres estão muito empoderadas". Então, uma mulher na plateia respondeu: "A gente pode, presidente".
Lula ainda fez um apelo para que a militância não responda os ataques de bolsonaristas. Na noite de sábado, na porta do Palácio São Bento, uma mulher tentou agredir um integrante do Comitê Portugal de Lula, Fauze El Kadre, mas foi contida por policiais:
"A democracia não é um pacto de silêncio, é uma sociedade em andamento. Mas quem foi derrotado agora não soube perder e terminou em um processo que a gente não conhecia no Brasil: a violência da extrema direita. A gente derrotou o Bolsonaro e ganhou as eleições, mas o bolsonarismo está vivo. Mas vamos derrotá-lo sem utilizar os métodos que utilizam contra nós. Se vocês encontrarem algum bolsonarista raivoso, não aceitem provocação. Não percam o tempo de vocês brigando com quem não aceita argumentos".
Além da comitiva de Lula, ativistas e convidados, políticos portugueses estiveram presentes. Entre eles, a líder do Bloco de Esquerda, deputada Catarina Martins, e o novo secretário-geral do Partido Comunista Português, Paulo Raimundo.