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Homem diz ter sido pago por site para fazer pergunta combinada a Bolsonaro

Episódio aconteceu no "cercadinho", na saída do Palácio da Alvorada

| Autor: Redação

Foto: Alan Santos/PR

Um publicitário declarou ter sido pago para fingir ser apoiador do presidente Jair Bolsonaro. O homem que se chama Beto Viana ficou na saída do Palácio da Alvorada para fazer uma perguntada ensaiada, questionando se o candidato a reeleição tinha assistido a entrevista do então ministro Luiz Henrique Mandetta ao Fantástico, transmitida no dia anterior pela Globo. De prontidão, Bolsonaro respondeu que não assiste a programação da TV carioca. Mandetta seria demitido três dias depois, em meio a pandemia do Covid-19.

O episódio no "cercadinho" foi filmado por diversas pessoas e viralizou nas redes sociais. Beto alega que a pergunta foi combinada entre o governo federal e o site bolsonarista Foco do Brasil, um dos que estão frequentemente no point dos apoiadores do presidente no Alvorada. 

Em conversa com jornal 'Folha de S. Paulo', o publicitário contou que um amigo o indicou e ele foi contactado por um homem que se identificou como Anderson, do Foco do Brasil, perguntando se ele estaria interessado no serviço. O portal bolsonarista, que tem quase 3 milhões de inscritos no Youtube, foi criado por Anderson Azevedo Rossi.

Anderson questionou se Beto teria coragem de fazer uma pergunta a Bolsonaro e disse que mandaria a questão pelo WhatsApp. "Se qualquer outro apoiador for falar com o presidente, você corta porque o presidente está esperando essa pergunta sua", disse Anderson, de acordo com Beto.

Beto Viana ainda tem as mensagens do WhatsApp guardadas, com a pergunta enviada e também as orientações para não levantar suspeitas caso tivessem jornalistas no local. 

Os registros mostram Bolsonaro chegando e parando no "cercadinho", respondendo à pergunta de Beto, que aparece de camisa florida. Após dizer que não assiste a Globo, o presidente sai, mas, antes de entrar no carro, olha diretamente para o auxiliar que está filmando e repete a frase "para toda a imprensa".

Beto Viana afirma que a pergunta foi feita para Bolsonaro "poder mitar". Ele foi recompensado com uma TED de R$ 1,1 mil no mesmo dia, feito pela conta da Folha do Brasil Negócios Digitais, antigo nome do Foco do Brasil. O salário mensal combinado era de R$ 2 mil e isso era um adiantamento, disseram a ele.

Beto continuou indo ao Palácio do Alvorada, mas não fez mais perguntas, sendo somente um "figurante". Ele foi dispensado um mês depois. Atualmente, ele trabalha como motorista de aplicativo.

A Presidência da República não se manifestou. Anderson não foi encontrado para comentar e o 'Foco do Brasil' também não se pronunciou.

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