Bolsonaro admite ter pedido para disparar textos sobre segurança das urnas
Mensagem, revelada pelo blog da Daniela Lima, foi encontrada pela PF em grupo que discutia um golpe de Estado. "Mandei para o Meyer, qual o problema?", confirmou o ex-presidente ao jornal "Folha de S.Paulo" na manhã desta quarta (23)
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) admitiu ter pedido a um empresário para "repassar ao máximo" mensagem questionando as urnas eletrônicas.
Eu mandei para o Meyer, qual o problema? O [ministro do Supremo Tribunal Federal e então presidente do Tribunal Superior Eleitoral Luís Roberto Barroso tinha falado no exterior [sobre a derrota da proposta do voto impresso na Câmara, em 2021], eu sempre fui um defensor do voto impresso", disse Bolsonaro ao jornal "Folha de S.Paulo". As informações são do g1
Na investigação sobre um grupo de empresários que discutiram, pelo WhatsApp, um golpe de estado, a Polícia Federal encontrou uma mensagem do contato "PR Bolsonaro 8" que ataca, sem provas, o Tribunal Superior Eleitoral, o Supremo Tribunal Federal e o instituto de pesquisa Datafolha.
Ao final, o pedido: "Repasse ao máximo".
A mensagem foi revelada pelo blog da Daniela Lima. No texto atribuído a Bolsonaro, o ex-presidente ataca integrantes do Supremo, como também comenta sobre fake news e critica a ação do ministro Luís Roberto Barroso de defender o "processo eleitoral como algo seguro e confiável" e trata a defesa do voto eletrônico como "interferência".
Após a ordem para disparar a fake news e os ataques a Barroso e outros ministros do STF e do TSE não nominados, Bolsonaro recebe uma resposta de Meyer Nigri. "Já repassei para vários grupos!". Ao se despedir do agora ex-presidente, o empresário envia "abraços de Veneza".
Nigri é um dos seis dos empresários que foram alvo de mandados em razão de conversas em aplicativo de mensagens sobre um suposto golpe de estado. Na segunda-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) deu à Polícia Federal mais 60 dias para que sejam feitas diligências em relação a Nigri.
"A dilação de prazo solicitada pela Polícia Federal é justificada, uma vez que, em relação ao investigado Meyer Joseph Nigri há necessidade da continuidade das diligências, pois o relatório da Polícia Federal ratificou a existência de vínculo entre ele e o ex-presidente Jair Bolsonaro, inclusive com a finalidade de disseminação de várias notícias falsas e atentatórias à Democracia e ao Estado Democrático de Direito", justificou Moraes.
A Polícia Federal convocou o ex-presidente para depor no dia 31 de agosto. Será o quinto depoimento de Jair Bolsonaro em investigações abertas pela PF. Ele já teve que dar:
Explicações sobre as joias doadas pelo governo saudita;
Sobre os atos golpistas de 8 de janeiro;
Sobre a suspeita de fraude de cartões de vacinação;
Sobre o suposto plano de golpe denunciado pelo senador Marcos do Val.
A defesa de Meyer Nigri disse que ele jamais foi disseminador de notícias falsas; que apenas encaminhou mensagens de terceiros para fomentar o legítimo debate de ideias de forma eventual e particular; que Meyer Nigri sequer possui contas em redes sociais ou em qualquer outra plataforma de disseminação em massa; e que tem plena certeza de que ficará devidamente demostrado que não praticou crime algum.