Trump justifica ataque aos Houthis alegando ameaça ao tráfego marítimo e pressiona Irã
Presidente americano afirma que ofensiva visa proteger transporte e restaurar liberdade de navegação

Foto: REUTERS/Evelyn Hockstein
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ordenou neste sábado (15) uma série de ataques aéreos contra os Houthis, grupo rebelde apoiado pelo Irã no Iêmen. Em sua declaração oficial, Trump justificou a ação como uma medida para garantir a segurança do transporte marítimo americano e restabelecer a liberdade de navegação. Além disso, o líder americano enviou um recado direto a Teerã, responsabilizando o Irã pelo avanço dos Houthis na região.
Segundo o Ministério da Saúde controlado pelos rebeldes, os ataques resultaram na morte de pelo menos 31 pessoas e deixaram 101 feridos. Imagens captadas pela agência Reuters mostram uma intensa nuvem de fumaça na capital do Iêmen, Sana.
Ameaça ao comércio global
Desde outubro de 2023, após o início da guerra entre Hamas e Israel, os Houthis intensificaram ataques contra navios comerciais e militares em um dos corredores marítimos mais estratégicos do mundo. Alegando solidariedade à causa palestina, o grupo passou a atingir embarcações ligadas a Israel e seus aliados, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido.
As ações dos Houthis já contabilizam mais de 100 ataques a navios mercantes e militares, resultando no naufrágio de duas embarcações e na morte de quatro marinheiros. A ofensiva foi interrompida temporariamente em janeiro, com o cessar-fogo em Gaza. No entanto, na última quarta-feira (12), os rebeldes anunciaram a retomada dos ataques, citando a interrupção da ajuda humanitária israelense à população palestina como motivo.
Os alvos incluem embarcações que trafegam pelo Mar Vermelho, Golfo de Áden e Estreito de Bab al-Mandab — rotas comerciais vitais que conectam a Ásia ao continente africano e ao Oriente Médio.
“Esses ataques incessantes custaram aos EUA e à economia global bilhões de dólares, além de colocarem vidas inocentes em risco”, declarou Trump em uma publicação nas redes sociais, ao justificar a operação militar americana.
Intensificação dos conflitos
O avanço dos Houthis contra navios americanos tem levado a confrontos navais não vistos desde a Segunda Guerra Mundial, de acordo com analistas militares. Os Estados Unidos, sob o governo de Joe Biden, já haviam realizado ofensivas contra áreas sob controle dos Houthis, em parceria com Israel e Reino Unido. No entanto, fontes oficiais americanas afirmaram que o ataque mais recente foi conduzido exclusivamente pelos EUA.
Trump reforçou que os bombardeios foram direcionados a alvos estratégicos dos rebeldes, visando a proteção de “ativos aéreos e navais dos EUA” e a garantia da livre circulação marítima.
O conflito no Iêmen, que já dura mais de uma década, agravou ainda mais a crise humanitária no país, um dos mais pobres do mundo. A crescente pressão internacional e a nova ofensiva americana aumentam as incertezas sobre os próximos desdobramentos da guerra e o papel do Irã no embate.