Ex-presidente da França Nicolas Sarkozy é preso em Paris para cumprir pena de cinco anos
Ex-presidente ficará em uma cela individual, com dimensões entre 9 e 12 metros quadrados

Foto: FRANCK FIFE / AFP
O ex-presidente da França, Nicolas Sarkozy, foi preso nesta terça-feira (21) para cumprir uma pena de cinco anos de reclusão por conspiração no caso de financiamento ilegal de sua campanha presidencial com recursos da Líbia. Ele se tornou o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser encarcerado desde a Segunda Guerra Mundial.
Sarkozy deixou sua residência por volta das 4h15 (horário de Brasília) e chegou à prisão de segurança máxima La Santé, em Paris, cerca de 20 minutos depois. Ele estava acompanhado da esposa, a cantora Carla Bruni.
O ex-presidente ficará em uma cela individual, com dimensões entre 9 e 12 metros quadrados, equipada com chuveiro privativo, televisão e telefone fixo. Segundo seu advogado, um pedido de liberdade já foi protocolado, e Sarkozy pretende escrever sobre sua experiência durante o período em que estiver preso.
“Não tenho medo da prisão. Vou manter minha cabeça erguida, inclusive nos portões da prisão”, disse Sarkozy ao jornal francês La Tribune Dimanche, antes de se apresentar às autoridades.
Nas redes sociais, o ex-presidente reafirmou sua inocência e criticou o processo judicial. “Quero lhes dizer, com a força inabalável que é a minha, que não é um ex-presidente da República que está sendo preso esta manhã — é um inocente”, afirmou, em publicação na plataforma X.
“Continuarei a denunciar este escândalo judiciário, esta via-crúcis que sofro há mais de dez anos. Eis, portanto, um caso de financiamento ilegal sem o menor financiamento. Uma investigação judicial de longo prazo iniciada com base em um documento cuja falsidade agora está comprovada”, completou.
De acordo com Sebastien Cauwel, chefe do sistema prisional francês, Sarkozy será mantido em isolamento.
“Ele poderá acessar o pátio de exercícios sozinho, duas vezes ao dia, terá acesso a uma sala de atividades sozinho e ficará sozinho em sua cela”, disse Cauwel à rádio RTL.
A sentença representa o desfecho de uma longa batalha judicial sobre as suspeitas de que Sarkozy teria recebido milhões de euros do então ditador líbio Muammar Kadhafi para financiar sua campanha presidencial em 2007. Kadhafi foi deposto e morto anos depois, durante as revoltas da Primavera Árabe.
Embora os tribunais tenham concluído que Sarkozy conspirou com aliados para montar o esquema de captação ilegal de recursos, ele foi absolvido da acusação de ter recebido ou utilizado pessoalmente os valores. Desde o início do caso, o ex-presidente nega qualquer irregularidade e sustenta que é alvo de perseguição política.
Apesar de ter recorrido da decisão, Sarkozy foi obrigado a começar a cumprir a pena imediatamente, conforme determina a legislação francesa.