Analista da CNN Portugal critica ódio e raiva entre bolsonaristas e lulistas que dividem o Brasil
Analista político da CNN Portugal diz que polarização entre lulistas e bolsonaristas impede avanços no país

Foto: Reprodução/CNN Portugal
O analista político Rui Calafate, da CNN Portugal, comentou nesta semana sobre o atual cenário do Brasil, que, segundo ele, atravessa um dos momentos mais delicados de sua democracia. Para o comentarista, o país, antes conhecido como “o país do futuro”, continua atrasado em razão da polarização política que opõe apoiadores de Jair Bolsonaro e de Luiz Inácio Lula da Silva.
“Hoje começa o julgamento mais importante da democracia brasileira e só podemos assistir com mágoa a um país dividido”, afirmou. Segundo Calafate, o clima de confronto político se transformou em uma rivalidade comparável a um clássico do futebol carioca. “A sociedade está presa a um duelo entre bolsonaristas e lulistas. Parece que não há espaço para uma terceira via que tire o país fantástico do buraco onde está”, disse.
Ele criticou ainda o ambiente dominado por “raiva e ódio”, sentimentos que, em sua visão, corroem o debate político e bloqueiam avanços econômicos. “É um cruel retrato do mundo, emaranhado num antagonismo entre extremos, em que o centro moderado e racional se tem vindo a desmoronar”, avaliou.
O analista recordou episódios recentes da política brasileira, como a invasão à Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, e destacou a atuação de figuras centrais da Justiça, como o ex-juiz Sérgio Moro e o ministro do STF Alexandre de Moraes, que se tornaram símbolos de confronto para diferentes espectros políticos.
Apesar das críticas, Calafate ressaltou sua admiração pelo Brasil e lembrou a riqueza cultural do país, citando nomes como Elis Regina, Tom Jobim, Chico Buarque e Clarice Lispector. “Eu adoro o Brasil. Só podemos amar um país que tem no seu currículo tanta gente genial. Torço pelo Brasil, mas o cenário não é bom”, afirmou.
Para concluir, citou escritores como Luís Fernando Veríssimo e Millôr Fernandes, destacando que o país parece viver em um ciclo constante entre crises e esperanças. “O Brasil ou sai do poço, ou ficará condenado à esperança”, disse.