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Uso indevido de medicamentos e ação de falsos médicos colocam vidas em risco no Brasil

Pesquisas revelam aumento de internações, mortes e denúncias contra prescrições irregulares; especialista defende punições e regulação das redes sociais

| Autor: Bruno Oliveira
Uso indevido de medicamentos e ação de falsos médicos colocam vidas em risco no Brasil

Foto: Ilustrativa

O uso indevido de medicamentos, seja por iniciativa própria ou por prescrição irregular, tem causado um aumento preocupante de internações e mortes no Brasil. Dados recentes mostram que a automedicação e o acesso a informações incorretas sobre suplementos e remédios vêm colocando em risco a saúde de milhares de pessoas.

Um estudo publicado na revista Hepatology identificou que, entre 2003 e 2021, foram registrados 428 casos de lesões hepáticas induzidas por suplementos e ervas medicinais. A maioria dos usuários consumia os produtos por conta própria, sem qualquer recomendação médica.

A situação se agrava quando a automedicação resulta em internações. Um levantamento da Revista de Saúde Pública mostrou que, entre 2009 e 2018, 85.811 pessoas foram hospitalizadas por uso incorreto de medicamentos. Já a Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas (Abifarma) estima que aproximadamente 20 mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência de intoxicação medicamentosa.

Além do consumo espontâneo e sem orientação, outro fator preocupante é a prescrição inadequada por parte de profissionais habilitados, especialmente no uso de hormônios com fins estéticos. Somente em 2024, o Conselho Federal de Medicina (CFM) registrou um aumento de 120% nas denúncias sindicais contra médicos que prescreveram os chamados “chips da beleza”. Esses implantes hormonais foram associados a pelo menos 257 complicações de saúde, incluindo mortes.

A esse cenário soma-se a atuação de falsos profissionais, que se apresentam como médicos nas redes sociais e prescrevem substâncias perigosas. O hepatologista Dr. Raymundo Paraná faz um alerta sobre a gravidade dessas práticas e os riscos à saúde pública.

“Os consultórios médicos, em geral, estão repletos de pacientes adoecidos por práticas ilegais que envolvem a disseminação de informações sobre suplementos ou medicamentos na internet, sem o devido estudo que comprove a eficácia ou a segurança desses métodos”, afirma.

Segundo o especialista, a facilidade de acesso à informação online tem se transformado em um perigo, já que conteúdos enganosos circulam com rapidez e alcançam um público vulnerável. “É revoltante receber no consultório pacientes adoecidos por essas práticas inidôneas. A informação equivocada está tomando a frente nas redes sociais. É um modelo de informação subversivo, absurdo, que adoece pessoas para enriquecer outras”, critica.

Dr. Paraná defende medidas urgentes contra esses falsos profissionais e cobra a responsabilização das plataformas digitais. “É preciso punição urgente e é preciso regular as redes sociais para que indivíduos que se coloquem numa posição de profissional de saúde não a utilizem em benefício próprio ou em malefício de outras pessoas”, conclui.

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