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Por que as competições internacionais femininas da CONMEBOL sempre contam com problemas?

Atletas e fãs reclamam de descaso da CONMEBOL em relação aos cuidados das competições

| Autor: Lucca Anthony
Marta em pós-jogo do Brasil

Marta em pós-jogo do Brasil |Foto: Lívia Villas Boas / CBF

Uma entidade que deveria cuidar e entregar a maior qualidade possível dentro das diferentes modalidades do futebol, tanto no masculino como no feminino, é muitas vezes sinônimo de problemas, carregando em seu legado casos de desrespeito, despreparo, preconceito e descaso. A CONMEBOL, federação que controla o futebol Sul-Americano, vive com um currículo "sujo", principalmente no futebol feminino. Recentemente, na execução da Copa América - maior torneio de seleções do continente da América do Sul -, um episódio de falta de desrespeito com as atletas e profissionais surgiu. Quando o aquecimento das atletas da seleção brasileira se iniciou, os dirigentes da entidade decidiram disponibilizar um local de aquecimento inadequado, onde as atletas dividiam com seguranças, massagistas, roupeiros e até mesmo com a equipe adversária. Em um ambiente de constante evolução e desenvolvimento que é o futebol feminino, por que a maior entidade do continente parece estar querendo dar um passo atrás?

CULTURA?

Um fator bastante importante que pode fazer com que as competições organizadas e administradas pela CONMEBOL sejam de um nível abaixo do esperado, seria a cultura / entendimento sobre o futebol feminino, que os dirigentes sul-americanos ainda têm. No caso, um pensamento mais atrasado, onde acreditam ainda que o futebol feminino não deve se comparar ao masculino e que não tem a mesma relevância. É verdade, o futebol feminino ainda não é bem desenvolvido, aliás, aqui na América do Sul, os patrocínios de grandes empresas não são bem distribuídos, impossibilitando a CONMEBOL a melhorar os torneios, premiações e transmissões. 

Em comparação com a Europa, na última final da Eurocopa feminina no dia 27, em Basel, Suécia, os ingressos foram esgotados poucas horas após disponibilizados para a torcida, com um grande apoio da UEFA que divulgou repentinamente sua competição, além do grande patrocínio da Adidas, Heineken e Volkswagen. 

DESCASO

Após o episódio, jogadoras brasileiras falaram em entrevista o sentimento passado antes da partida. Marta, eleita 6x melhor jogadora do mundo e a maior da história, comentou que se sentia desrespeitada pela organização e, como cobravam um alto nível no desempenho dentro de campo, queriam do mesmo da organização também. "Éramos cobradas por desempenho e trabalho de alto nível, mas também temos direito a cobrar alto nível de organização. Não havia espaço suficiente para as duas equipes… aqui é muito abafado e há altitude". Além de Marta, a meio-campista Ary Borges indagou o presidente da CONMEBOL Alejandro Domínguez, pedindo para ele colocar-se no lugar delas: "O que a CONMEBOL está fazendo é ridículo. Até jogos de várzea são mais organizados. Perguntem ao Alejandro se ele conseguiria aquecer em um espaço de 5 ou 10 metros com cheiro de tinta… merecemos coisa melhor".

Porém, essa não é a primeira vez que uma situação incomoda acontece, já que além do evento da Copa América, dois anos atrás, jogadoras do Corinthians também foram a público criticar a CONMEBOL, dessa vez pelos problemas entornos da Copa Libertadores Feminina. As atletas protestaram e repudiaram as condições dos gramados onde os jogos aconteceriam, a falta de aquecimento antes das partidas, estádios vazios e principalmente a qualidade dos ônibus disponíveis para o translado das jogadoras.

 

Foto: Reprodução / Redes Sociais

Isso porque o veículo de transporte apresentava sinais claros de desgaste e desrespeitava até mesmo regras básicas de segurança, como a falta de cinto de segurança em algumas poltronas. A atleta Gabi Zanotti, na época, chegou a postar em suas redes sociais fotos para mostrar o estado do veículo. E isso não é somente "casos isolados", como a entidade fala em algumas notas, é um problema recorrente que aconteceram nas edições passadas também, como no ano de 2022 e em 2023, com o pré-jogo não seguindo uma ordem natural e sim, sendo improvisado, onde às vezes alguns times tinham acesso ao campo e outros apenas em uma sala. 

SEM PREPARO

A CONMEBOL mostra através de suas atitudes que não está devidamente preparada para entregar um bom desenvolvimento para as mulheres e profissionais do futebol feminino. A entidade já vem sendo criticada há bastante tempo e cabe a ela se reestruturar e aprender com erros, trazendo um ambiente bom de trabalho, respeitando o esforço daqueles que buscam melhoria dentro do esporte. Além dela, é necessário também repensar a maneira como a sociedade enxerga a modalidade, para trazer mais financiamento e ajuda, limitando os erros presentes atualmente.

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