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O mistério do metanol: como ele age no corpo e sua forma de tratamento

Novo medo dos brasileiros, o metanol pode levar a morte

| Autor: Marco Pitangueira
 O mistério do metanol: como ele age no corpo e sua forma de tratamento

Foto: Reprodução Freepik

 

No primeiro final de semana do mês (4 e 5), o governo de São Paulo confirmou a segunda morte por metanol relacionada ao consumo de bebida com uso excessivo de metanol. Ao todo, o período entre final de setembro e dia 7 de outubro, no Brasil, os números chegaram a 225 notificações, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde. 17 foram confirmados e outros 208 seguem em observação.

Apesar do alto número de intercorrências, não se sabe ao certo o motivo do alto uso da substância química, o que cabe investigação. Até o momento, duas hipóteses são trabalhadas: Metanol adicionado a bebidas falsificadas para baratear a produção ou apenas contaminação. A primeira opção é a que mais se encaixa nas investigações até o momento.

Além do estado de São Paulo, onde concentra-se o maior número de casos, outros 12 estados estão em observação: Acre (1); Ceará (3); Espírito Santo (1); Goiás (3); Minas Gerais (1); Mato Grosso do Sul (5); Paraíba (1); Pernambuco (10); Piauí (3); Rio de Janeiro (1); Rondônia (1); Rio Grande do Sul (2).

A Bahia chegou a suspeitar de uma intoxicação por metanol após Marcos Evandro Santana da Costa, de 56 anos, aparecer desacordado em casa. Morador de Feira de Santana, segunda maior cidade do estado, o rapaz apresentava alteração no nível de consciência e palidez. No domingo (5), a suspeita foi descartada pela Secretaria de Saúde (Sesab).

Como o metanol age no corpo:

Antes de abordarmos sobre como a substância age no corpo, é necessário explicar que pequenas quantidades de metanol já existem naturalmente em bebidas alcoólicas. No processo para destilação das bebidas, tanto o etanol (o correto e seguro) quanto o metanol são destilados. No entanto, as maiores empresas utilizam da tecnologia para separar o metanol, o que não deve ser feito de forma correta em produção caseira ou ilegal.

A substância é rapidamente absolvida pelo corpo, fazendo com que os sintomas apareçam em até 48 horas. Em uma espécie de auto-defesa, o corpo passa a produzir substâncias muito ácidas durante a digestão do produto, deixando o sangue mais ácido do que deveria.

Para tentar compensar, o infectado passa a respirar de forma mais curta e rápida. O quadro-geral de sintomas é de mal-estar, como tonturas, cefaleia, enjoos, mas a principal ameaça é a cegueira.

A infectologista Jessica Fernandes Ramos, em entrevista ao BBC, explicou como funciona o passo a passo da substância no corpo. Para ela, cada parte vital é afetada em uma espécie de “efeito dominó”.

 

"Esse desequilíbrio afeta todas as células do corpo, mas o coração é um dos primeiros a sofrer, porque precisa de um funcionamento muito estável para manter os batimentos. O sistema respiratório também é prejudicado, já que precisa trabalhar além do normal para tentar equilibrar o organismo. Os rins, por sua vez, têm papel central nesse processo: eles tentam segurar bicarbonato (que é uma substância alcalina) para neutralizar a acidez”, disse.

Tratamento

Em resposta aos inúmeros casos, o governo brasileiro anunciou, no último sábado (4), a compra de dois antídotos, fomepizol e etanol farmacêutico. Segundo o ministério da saúde, os antídotos estarão disponíveis até o fim da próxima semana.

O governo ainda ressaltou que eles só podem ser utilizados em ambientes de saúde com supervisão médica.

Além deles, outra forma de tratamento que tem sido utilizada é a hemodiálise, visto que as substâncias afetam os rins. Entretanto, esta parte será apenas em casos mais graves.

 

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