Dançar é vida: Como os projetos sociais estão mudando a vida de crianças e famílias em Salvador
Por meio do esporte e da cultura jovens saem do mundo do crime e cria um futuro brilhante

Foto: Divulgação / Taiane Santos
Em comunidades de Salvador onde o lazer muitas vezes se limita às ruas e a desigualdade é uma constante, projetos sociais vêm reescrevendo histórias e abrindo novos caminhos. Por meio do esporte, da educação e do apoio psicológico, essas iniciativas oferecem oportunidades que transformam vidas.
Um exemplo é o Instituto Dançar é Vida, que há nove anos promove atividades como balé, artes marciais, clube de leitura e reforço escolar. Ao longo desse período, mais de 200 famílias foram impactadas diretamente pelo projeto.
A fundadora, Taiane Santos, criou o instituto a partir de sua experiência pessoal: ainda criança, sofreu um abuso e decidiu transformar a dor em acolhimento para outras crianças.
“Percebi como é importante que as crianças tenham alguém com quem possam conversar, pois muitas vezes sentem medo de contar aos pais. Então nasceu em mim a vontade de criar um espaço onde elas não apenas permanecessem, mas também aprendessem, confiassem e desenvolvessem coragem — inclusive para denunciar quando necessário”, relata Taiane.
Atualmente, o Instituto atende em média 22 crianças por dia e 150 por semana, oferecendo atividades culturais, esportivas e educacionais. O alcance vai além das crianças: famílias participam de programas de inserção de jovens no mercado de trabalho e de acompanhamento psicológico.
“A transformação é notável. Muitas crianças que chegaram com sintomas de depressão hoje não apresentam mais esse quadro. Famílias em conflito encontraram acolhimento e suporte. As crianças dizem que o projeto é um refúgio, um espaço seguro que muitas vezes não encontram em outros lugares”, destaca Taiane.
O impacto também é sentido pelas famílias. Dona Ligia Maria, avó de Maria Clara, compartilha:
“Após a perda da minha filha, vivi um período de incerteza e preocupação, principalmente pela responsabilidade de criar minha neta. Conheci o projeto e, no início, foi um desafio, mas logo se transformou em uma experiência positiva. Ver minha neta se adaptar e florescer no balé trouxe alegria e renovou nossa rotina. Para mim, o projeto preencheu um vazio e me deu uma nova perspectiva de vida.”
Com 20 colaboradores entre professores e apoiadores, todos voluntários, o instituto mantém suas atividades e oferece suporte integral às crianças e famílias. Taiane relata desafios e conquistas que fortalecem seu propósito:
“Vivemos situações delicadas, como quando tentamos impedir que uma jovem ingressasse no tráfico e, apesar de todos os esforços, não conseguimos. Foi doloroso, mas me motivou a seguir firme no propósito de proteger nossas crianças. Em contrapartida, guardo momentos que me fortalecem, como quando uma menina de oito anos me disse que daria tudo para que eu fosse sua mãe, pois aqui encontrava o que não tinha em casa. Isso me mostrou que, mais do que recursos materiais, as crianças precisam de afeto, presença e memórias que marquem suas vidas.”
Para finalizar, Taiane deixa um recado às lideranças de projetos sociais e à comunidade:
“Deixo um apelo: persistam, não desistam, mesmo diante das dificuldades. Convido a todos a conhecerem nossa sede, assistirem a uma aula ou apresentação e acompanharem nosso trabalho pelas redes sociais. Mais do que recursos, precisamos de pessoas que acreditem em nosso potencial. Tenho fé de que este projeto continuará a transformar vidas.”
O exemplo do Dançar é Vida mostra que acreditar nas pessoas e investir em ações simples pode construir um futuro brilhante para crianças, adolescentes e famílias de Salvador.