NotíciasExclusivasCarlos Marighella: 56 anos da morte do militante que marcou a história política brasileira

Carlos Marighella: 56 anos da morte do militante que marcou a história política brasileira

O baiano foi figura central durante a Ditadura Militar e sua morte é lembrada até os dias de hoje

| Autor: Antonio Marzaro
Carlos Marighella

Carlos Marighella |Foto: Wikimedia Commons

Nesta terça-feira (4), completam-se 56 anos da morte de Carlos Marighella, figura central da história política do Brasil no século XX. Nascido em 1911, em Salvador, o militante comunista, escritor e deputado foi um dos principais nomes da resistência à ditadura militar e permanece como símbolo de luta contra a repressão política no país.

Marighella iniciou sua militância ainda jovem, durante os anos 1930, quando estudava Engenharia na Escola Politécnica da Bahia. Em 1934, filiou-se ao Partido Comunista do Brasil (PCB), engajando-se na luta por direitos trabalhistas, educação pública e soberania nacional. Sua atuação política o colocou sob vigilância do Estado Novo, instaurado por Getúlio Vargas, e ele foi preso pela primeira vez em 1936, após participar de ações consideradas subversivas pelo regime.

Após ser libertado, Marighella seguiu sua trajetória política no PCB. Durante a Segunda Guerra Mundial, o partido passou a atuar na legalidade por um breve período, o que permitiu ao militante ampliar sua influência e contribuir com a reorganização das forças progressistas. Em 1945, com a redemocratização do país, foi eleito deputado federal constituinte pelo Partido Comunista, representando a Bahia.

No mandato parlamentar, destacou-se pela defesa de pautas voltadas à reforma agrária, nacionalização de empresas estratégicas e ampliação do acesso à educação. Contudo, o PCB voltou à ilegalidade em 1947, quando o registro do partido foi cassado. Marighella teve o mandato revogado e retornou à militância na clandestinidade, mantendo atividades políticas e intelectuais.

Durante os anos 1950 e 1960, Marighella se consolidou como uma das principais lideranças do comunismo brasileiro. Escreveu artigos, poemas e livros que tratavam de política, resistência e liberdade. Com o golpe militar de 1964, passou novamente à clandestinidade e foi perseguido pelo novo regime. Em 1965, foi baleado e preso por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), em São Paulo.

Nos anos seguintes, rompeu com o PCB, por discordar da estratégia de resistência pacífica à ditadura. Em 1968, fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN), organização que defendia a luta armada como forma de enfrentamento ao regime militar. A ALN realizou ações de expropriação de bancos e ataques a instalações consideradas símbolos do poder, com o objetivo de financiar e divulgar o movimento de resistência.

Nesse período, Marighella escreveu o Minimanual do Guerrilheiro Urbano, obra que se tornaria referência internacional em movimentos de guerrilha. O texto apresentava orientações práticas sobre organização, segurança e táticas de resistência nas cidades. O documento foi amplamente difundido em grupos revolucionários de diversos países da América Latina.

A repressão do regime militar intensificou-se no fim da década de 1960, e Marighella passou a ser considerado o inimigo número um da ditadura. Em 4 de novembro de 1969, foi morto em uma emboscada montada pelo DOPS, em São Paulo, durante uma operação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury. Sua morte foi amplamente divulgada pelo regime como demonstração de força contra a oposição armada.

Nos anos posteriores, sua trajetória passou a ser revisitada por historiadores, artistas e movimentos sociais. Marighella foi reconhecido como símbolo da resistência política e da luta pela democracia. Sua figura inspirou livros, músicas, peças teatrais e, mais recentemente, o filme Marighella, lançado em 2021 e dirigido por Wagner Moura.

Mais de cinco décadas após sua morte, Carlos Marighella segue como uma das figuras mais estudadas e debatidas da história brasileira. Sua vida reflete os conflitos políticos, ideológicos e sociais do século XX no país, e sua memória permanece associada à resistência à opressão e à defesa da liberdade. Sua 

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