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Burnout entre jovens cresce e preocupa o mercado de trabalho

Número de jovens com síndrome de burnout disparou no Brasil e no mundo

| Autor: Redação / Varela Net
Burnout entre jovens cresce e preocupa o mercado de trabalho

Foto: Pixabay

Os índices de burnout entre jovens profissionais aumentaram significativamente nos últimos cinco anos, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de estudos recentes de consultorias como McKinsey Health Institute. No Brasil, uma pesquisa da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT) indica que cerca de 30% dos jovens de até 30 anos relatam sintomas consistentes com o transtorno.

Ao contrário do estereótipo do profissional exausto após décadas de dedicação ao trabalho, os jovens de hoje chegam ao mercado já sobrecarregados. Pressões por produtividade, metas inalcançáveis, jornadas híbridas sem limites e o culto à alta performance nas redes sociais ajudam a explicar o fenômeno.

"Vivemos uma geração que cresceu com a promessa de que poderia 'fazer o que ama'. Isso criou uma idealização do trabalho como fonte de realização pessoal absoluta. Quando a realidade não corresponde, o desgaste emocional é brutal", diz a psicóloga Mariana Ribeiro.

Aos 27 anos, Julia Santana pediu demissão do terceiro emprego em menos de dois anos. “Eu chorava antes de começar o expediente. Não era preguiça, era pânico”, conta. Mariana é uma entre milhões de jovens que enfrentam a síndrome de burnout, um estado de esgotamento mental extremo que já foi associado principalmente a executivos seniores, mas que hoje atinge, cada vez mais, trabalhadores da chamada Geração Z — aqueles nascidos entre o final dos anos 1990 e meados dos anos 2010

Impacto direto no mercado

O aumento dos casos de burnout tem reflexos práticos no mercado de trabalho. Empresas relatam dificuldade em reter talentos jovens, queda na produtividade e um aumento nos afastamentos médicos por motivos psicológicos. Em alguns setores, como tecnologia e marketing, os índices de rotatividade cresceram mais de 20% nos últimos três anos.

Além disso, cresce a busca por jornadas mais flexíveis, semanas de quatro dias e políticas de bem-estar corporativo. “As empresas que não entenderem essa nova lógica vão perder a guerra por talentos”, alerta o consultor de RH Bruno Farias.

Saída ou renúncia silenciosa

O fenômeno do “quiet quitting” (demissão silenciosa), no qual o profissional cumpre o mínimo necessário sem engajamento, é outro reflexo desse esgotamento. Embora não se desliguem oficialmente, muitos jovens já se afastam emocionalmente do trabalho, o que afeta diretamente a inovação e a competitividade das empresas.

O que fazer?

Especialistas recomendam que empresas adotem políticas mais empáticas e realistas, priorizando saúde mental e qualidade de vida. Para os jovens, a dica é buscar apoio psicológico, estabelecer limites claros entre vida pessoal e profissional e, acima de tudo, entender que sucesso não precisa vir à custa da saúde.

“Não é frescura. É saúde. E se a gente não cuidar agora, pagaremos caro mais adiante — como indivíduos e como sociedade”, conclui Mariana.

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