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A ascensão da Cazé TV como uma nova Era no Jornalismo e na Comunicação no Brasil

Modelo de comunicação mais informal tem ganhado força e gerado discussões no país

| Autor: Gustavo Nascimento
Casimiro Miguel, fundador e rosto da Cazé TV

Casimiro Miguel, fundador e rosto da Cazé TV |Foto: Divulgação

Como quase tudo na vida, a Comunicação é mutável e reflete os aspectos de cada sociedade em seus diferentes contextos e épocas. Atualmente, a Comunicação no Brasil tem se transformado a partir do crescimento quase irrefreável do meio digital, que obriga os veículos de mídia a se adaptarem e buscarem formas de disputar a atenção das pessoas em um cenário mais amplo, competitivo e acelerado: a internet. 

Neste sentido, a Cazé TV - personificada na imagem de Casimiro Miguel, jornalista e um dos comunicadores de maior relevância do país atualmente - tem ganhado cada vez mais destaque, principalmente em relação às transmissões de eventos esportivos. Para isso, uma das grandes marcas da emissora é a irreverência e a descontração, que levanta debates sobre a qualidade do conteúdo e da informação transmitida pelo grupo.

A emissora começou suas atividades no final de 2022 e teve como sua primeira grande transmissão a Copa do Mundo do Catar, realizada naquele mesmo ano. Desde então, a Cazé TV já adquiriu os direitos de transmissão de diversas outras competições nacionais e internacionais, seja de clubes ou de seleções, como o Brasileirão, a Copa do Mundo Feminina e as Olimpíadas.

Mesmo com o sucesso crescente, a emissora é alvo de críticas constantemente, algumas delas motivadas por declarações de apresentadores, comentaristas e colaboradores do canal. Para muitos, a “liberdade” que os comunicadores da Cazé TV têm para trabalhar acaba sendo um dos motivos que os faz cometer erros, atraindo ondas de cancelamentos nas redes sociais.

Por exemplo, em 2024, durante os Jogos Olímpicos de Paris, o comentarista Guilherme Beltrão afirmou que as atletas do nado sincronizado brasileiro foram para as Olimpíadas para ter relações sexuais, já que não competiriam por medalhas. Para muitos, a fala não se restringiu apenas às atletas do nado sincronizado, se estendendo para a maioria dos participantes que não conseguiriam disputar o pódio em seus respectivos esportes e categorias. A declaração aconteceu durante um bate-papo e não foi repreendida pelos outros participantes da conversa, incluindo o humorista Fábio Porchat.

Agora em julho, a Cazé TV voltou a ser alvo de polêmicas após uma brincadeira entre os apresentadores e o humorista Marcelo Adnet, hoje repórter do canal, em referência à situação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro e aos boatos de que a emissora pertence à Rede Globo.

“Tivemos uma batida aqui. A Polícia Federal entrou e encontrou no banheiro do Cazé um pen drive que será aberto aqui ao vivo e que revelará quem é a verdadeira dona da Cazé TV. Dica: começa com ‘plim’ e acaba com ‘plim’”, disse Adnet.

“Quem está aqui é nossa repórter reborn, que está impedida de se manifestar porque está com a tornozeleirinha. Acabou fazendo besteirinha. Vou até tirar o microfone dela”, completou o humorista.

O resultado da brincadeira foi um boicote por parte de grupos conservadores que gerou a perda de mais de 300 mil inscritos no canal do YouTube da Cazé TV em questão de dias. Para a emissora, felizmente, o impacto não é tão grande em relação aos quase 22 milhões de inscritos na plataforma.

Contudo, uma das maiores ondas de críticas contra a Cazé TV foi vista durante as transmissões da Copa do Mundo de Clubes da Fifa, que acabou há pouco menos de 20 dias. Assim como em outros momentos, as reclamações eram, em sua maioria, direcionadas aos exageros de informalidade nas transmissões, que poderiam confundir a barreira entre a descontração e a entrega de um serviço de má qualidade. 

Para muitos, a comunicação não precisa de formalidade e rigidez para ser eficaz, como foi um padrão dos grandes veículos de mídia durante muito tempo. Kaiky Menezes, de 20 anos, é estudante de Jornalismo da UFBA e compreende as críticas feitas à Cazé TV, mas discorda do teor e da proporção que elas tomaram em certos momentos. Para o jovem, existe espaço para uma comunicação mais descontraída, como a que a Cazé TV propõe desde o seu surgimento.

“Eu acho que esse modelo de comunicação da Cazé TV, mais descontraído, mais informal, faz total sentido com tudo que ele [Casimiro Miguel] já vem construindo nesses últimos anos. Esse é o estilo da Cazé TV, é o estilo de resenha, de conversar, de ser mais próximo do público e se conectar com ele.”, afirmou Kaiky.

“Como consumidor, eu entendo quem critica, mas para mim é tranquilo, eu gosto. Eu me encaixo nesse público-alvo e acho que a maioria das pessoas também se encaixa, porque querendo ou não, é como a gente conversa sobre o futebol, é como a gente está no dia a dia conversando com nossos amigos, como quem está no barzinho conversa… Claro que vão ter pessoas que não vão gostar, assim como não gostam de outros estilos, mas eu acho que é algo totalmente natural e eu acho super válido.”, complementou o jovem.

Enquanto estudante de Jornalismo, Kaiky detalhou como observa esse modelo de comunicação, acreditando que isso também é uma tendência do mercado.

“Como estudante de jornalismo, minha visão não muda muito, porque eu acho que também tem que ter uma visão sobre o mercado. Não tem que ter só a visão do ‘Não, porque o melhor conteúdo possível tem que ser transmitido de uma forma mais culta’. Não, porque você consegue transmitir uma boa mensagem de formas diferentes.”

“Se você conseguir alinhar da melhor forma possível uma boa mensagem com uma comunicação clara, com uma comunicação que todo mundo consiga entender, é o ideal. E eu acho que a Cazé TV consegue se aproximar disso, não muito longe do estilo da Globo, e talvez mais do que o SBT e a Record, por exemplo.”, conclui o estudante.

Entre críticas e elogios, a Cazé TV segue crescendo e conquistando novos horizontes. Para a Copa do Mundo de 2026, a emissora fechou o maior acordo com a FIFA entre todos os canais de comunicação do Brasil e transmitirá de graça todos os 104 jogos do torneio. Como comparação, o pacote da Globo só terá metade das partidas (52). Esses números dão dimensão da evolução da Cazé TV, que transmitiu somente uma partida por dia na Copa do Mundo de 2022, seu primeiro torneio. 


*Mais informações em breve

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