NotíciasExclusivas70 anos sem Carmen Miranda: A estrela que levou o Brasil ao palco mundial

70 anos sem Carmen Miranda: A estrela que levou o Brasil ao palco mundial

Artista faleceu em 5 de agosto de 1955, aos 46 anos

| Autor: Antonio Marzaro
Carmen Miranda

Carmen Miranda |Foto: Reprodução

Neste 5 de agosto, completa-se sete décadas da morte de Carmen Miranda, uma das artistas mais emblemáticas da história do nosso país. Símbolo de brasilidade para o exterior, sucesso absoluto nas rádios, no cinema e nos palcos, e mesmo com uma carreira interrompida de forma precoce e misteriosa, seu legado permanece vivo na cultura popular.

Nasce a Pequena Notável

Maria do Carmo Miranda da Cunha nasceu no dia 9 de fevereiro de 1909, em Marco de Canaveses, Portugal. Chegou ao Brasil ainda bebê, sendo criada no Rio de Janeiro. Carmen começou sua trajetória como vendedora de chapéus e, aos poucos, conquistou espaço como cantora de rádio, se destacando por sua voz vibrante e presença de palco magnética. Sua primeira gravação foi “Não Vá Sim’bora”, em 1929, mas o grande sucesso viria nos anos seguintes.

Entre seus maiores hits estão “O Que É Que a Baiana Tem?” (1939), imortalizado no filme Banana da Terra, onde aparece com o figurino que a consagraria: turbante, babados e frutas tropicais. Composta por Dorival Caymmi, a canção foi um divisor de águas na carreira da artista e chamou atenção de produtores norte-americanos. Outros clássicos em sua voz incluem “Taí (Pra Você Gostar de Mim)”, “Disseram Que Voltei Americanizada”, “Tico-Tico no Fubá”, e “Mamãe Eu Quero”.

Com sua fama em ascensão, Carmen se tornou a primeira artista sul-americana a assinar contrato com a 20th Century Fox. Mudou-se para os Estados Unidos e estrelou diversos filmes, entre eles That Night in Rio (Uma Noite no Rio), Week-End in Havana (Aconteceu em Havana), ambos de 1941 e The Gang’s All Here (Entre a Loura e a Morena) de 1943, onde aparece em uma das cenas mais icônicas da história do cinema, com bananas e frutas dançando em tecnicolor ao seu redor.

Uma estrela... forjada?

Nesse contexto, Carmen Miranda foi símbolo da Política da Boa Vizinhança, estratégia do governo dos EUA para estreitar laços com países da América Latina durante a Segunda Guerra. Assim como o personagem Zé Carioca, da Disney, seu visual colorido e sonoridade “exótica” foram usados para representar um Brasil alegre e amigável aos olhos do público norte-americano, ainda que, por vezes, de forma estereotipada.

Apesar do sucesso internacional, Carmen enfrentou críticas severas no Brasil. Muitos viam sua imagem como uma distorção do que seria a verdadeira cultura brasileira. Ela respondeu a essas críticas com a emblemática canção “Disseram Que Voltei Americanizada” (1940), que expressava seu desconforto com o julgamento do público de seu próprio país.

A estrela se apagou cedo demais

Nos bastidores, a pressão era intensa. Envolvida em uma rotina exaustiva de gravações, shows, viagens e compromissos sociais, Carmen passou a fazer uso frequente de medicamentos para manter o ritmo. Em 1955, após gravar um programa de TV nos Estados Unidos, a artista desmaiou em casa e morreu pouco depois, aos 46 anos. A causa oficial foi infarto do miocárdio, mas há registros de uso abusivo de anfetaminas e sedativos, o que ainda levanta dúvidas sobre as circunstâncias de sua morte.

Seu corpo foi trasladado para o Brasil, onde foi velado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Mais de 60 mil pessoas acompanharam o cortejo até o Cemitério São João Batista, em um dos funerais mais comoventes da história do país.

Legado

Setenta anos depois, Carmen Miranda continua sendo uma referência. Seu estilo inspirou gerações de artistas, de Madonna a Beyoncé, e seu rosto estampou exposições, selos, obras de arte e desfiles de carnaval. Ícone da música, da moda, do cinema e da diplomacia cultural, Carmen é eternamente a “Pequena Notável” que fez do Brasil um espetáculo para o mundo.

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