Paratleta Raíssa Machado disputa Grand Prix de lançamento de dardo na quinta
Medalhista olímpica e recordista mundial em sua categoria, a baiana chega na competição no Marrocos como favorita
Foto: Divulgação
A paratleta Raíssa Machado, baiana de Ibipeba, está no Marrocos para a disputa do Grand Prix de Marrakech, que será realizado entre desta quinta-feira (14) até sábado (17). A baina já entra em ação no primeiro dia de competições. Raíssa é recordista mundial da prova do lançamento do dardo, classe F56, e chega como favorita na disputa.
Raíssa bateu o novo recorde mundial em sua categoria, em março deste ano, durante uma competição que aconteceu no Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo-SP. Ela alcançou a marca de 24m80.
A paratleta já havia sido sido medalha de prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, exatamente na prova que havia estabelecido o antigo recorde, batido por ela na capital paulista. Com 24m50, a iraniana Hashemiyeh Moavi conquistou o ouro na ocasião, enquanto a brasileira lançou 24m39.
"A responsabilidade aumenta e a minha cobrança em evoluir também, mas acredito que estou no caminho com um passo de cada vez. É a primeira vez que vou para uma competição internacional como recordista então não sei o que dizer, vou atrás da minha evolução como atleta e tudo pode acontecer em uma competição. Estou bem focada e animada", disse a atleta.
Hoje com 25 anos, Raíssa nasceu com uma má formação congênita nos membros inferiores. Ainda na infância, sofreu bullying na escola, e passou por um difícil período de rejeição da própria aparência e deficiência. Teve depressão, conseguiu superar e hoje se orgulha da própria trajetória. Neste mês, irá conseguir a retirada da sua carteira de habilitação, algo que sempre almejou.
Uma das maiores dificuldades em sua rotina estava no pequeno trajeto entre a sua residência em São Paulo e o CT Paralímpico, onde treina. Apenas 3 km separam os dois lugares mas o deslocamento sempre foi um problema. Ela dependeu de transporte por aplicativo e muitas vezes passou por situações adversas.
“Minha maior motivação é ficar livre de carro de aplicativo, ter minha independência completa, o poder de ir e vir. Passei por inúmeras situações ruins com motoristas, como 'Ah, vou ter que levar uma cadeirante', 'A sua cadeira nao cabe no meu carro', 'Você não pode pegar esse tipo de carro. Tem que pedir um adaptado'. Ainda tinham motoristas que viam que eu era cadeirante e cancelavam a corrida. Ficar livre desse tipo de preconceito e humilhação não tem preço".
Raíssa é uma das principais atletas da atualidade no arremesso de dardo, atual recordista mundial da prova na classe F56. Ela também é medalhista paralímpica. Conquistou a prata nos Jogos de Tóquio, o bronze no Mundial de Dubai 2019 e o ouro no Parapan de Lima.