Mulheres no esporte: Brasil enfrenta desafio histórico nas Olimpíadas

A seleção brasileira de handebol feminino enfrentará um desafio monumental nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, conforme definido pelo sorteio realizado pela Federação Internacional de Handebol (IHF) nesta semana. Inseridas no grupo B, as brasileiras terão como oponentes França, atual campeã olímpica e mundial, Espanha, vice-campeã mundial em 2011, e Holanda, campeã mundial em 2021. Completam o grupo a Hungria, que possui três medalhas olímpicas, e Angola, tetracampeã africana.

O grupo B, escolhido pela França por ser o país-sede, promete ser um campo de batalha intenso para as brasileiras, que conquistaram a vaga olímpica após uma vitória histórica no Pan-Americano de Santiago em 2023. A campanha brasileira nas últimas edições olímpicas observou o seu melhor desempenho em Londres 2012 e Rio 2016, ambas as vezes alcançando as quartas de final. Em Tóquio 2021, o Brasil foi eliminado na fase de grupos, buscando agora reverter o histórico em Paris.

A trajetória do handebol feminino no Brasil também reflete questões mais amplas sobre a representação das mulheres no esporte. Sujeitas a desigualdades de acesso, visibilidade e reconhecimento, as atletas brasileiras enfrentam um cenário onde modalidades femininas como o handebol ainda lutam por maior destaque midiático e apoio estrutural. Este cenário contrasta com esportes mais tradicionalmente masculinos, como futebol e voleibol, que desfrutam de maior visibilidade e investimento.

De acordo com Suélen de Souza Andres, educadora física, no contexto esportivo nacional, especialmente no handebol, as mulheres enfrentam desafios únicos que refletem a persistente desigualdade de gênero no campo esportivo.

Historicamente, o handebol, categorizado como um esporte de invasão, tem sido mais facilmente aceito como feminino em comparação com outros esportes como o futebol. No entanto, a percepção social de que algumas modalidades são mais apropriadas para mulheres ainda permeia, influenciando a visibilidade e a valorização das atletas. 

A Liga Nacional de Handebol Feminino, principal palco competitivo no Brasil para equipes femininas, revela uma disparidade significativa em visibilidade midiática e recursos financeiros comparados a modalidades mais tradicionalmente masculinas. "Mesmo com bons resultados a visibilidade conferida a essas atletas em diferentes segmentos da mídia nacional é muito pequena se comparada a outras modalidades esportivas tais como futebol e voleibol", afirmou Suelén.