NotíciasEsporteMédico ex-Bahia avalia lesão de Neymar e projeta retorno nas oitavas da Copa

Médico ex-Bahia avalia lesão de Neymar e projeta retorno nas oitavas da Copa

Reportagem do Varela Net conversou com o ortopedista Marcos Lopes, que diz acreditar em recuperação do camisa 10 e do lateral Danilo na fase de mata-mata do Mundial no Catar

| Autor: João Grassi*

Foto: Domingos Júnior/Varela Net Foto: Lucas Figueiredo/CBF

O Brasil venceu em sua estreia na Copa do Mundo e deixou muitos torcedores empolgados para o próximo jogo da fase de grupos da Copa do Mundo, que será diante da Suiça, na segunda-feira (28). A Seleção de Tite, contudo, perdeu dois titulares por lesão: o lateral-direito Danilo e o atacante Neymar, astro da equipe.

A reportagem do Varela Net procurou um ortopedista para entender melhor a situação dos dois atletas brasileiros, que sofreram lesões de ligamento no tornozelo. Com 30 anos de experiência na área esportiva e passagem como médico pelo Esporte Clube Bahia, o ortopedista Marcos Lopes avaliou o caso dos atletas brasileiros, os quais, em sua opinião, ainda terão condições de voltar na fase de mata-mata do Mundial.

"Neymar está fazendo terapia três vezes por dia, às vezes quatro. Às vezes [o atleta] não dorme para fazer fisioterapia. Mas eu acho que o mais ponderado é que ele só volte nas oitavas de final [...] O Danilo é diferente. Eu acho que ele pode voltar mais cedo", disse Lopes em entrevista por vídeo [assista ao fim do texto].

O ortopedista elogiou Rodrigo Lasmar, médico da Seleção Brasileira, e disse que confia no trabalho de fisioterapia da equipe da CBF. Ainda segundo Lopes, os jogadores profissionais já estão acostumados a entrar em campo sem ainda estar no melhor das condições físicas.

"As oitavas de final, o Brasil passando, nós temos aí um tempo que dá pra tentar, não é o tempo ideal, mas é a Copa do Mundo. Copa do Mundo é sacrifício e jogador está acostumado a jogar no sacrifício, desde que isso não piore a lesão dele [Neymar]. Então, eu confio demais no tratamento do médico da Seleção Brasileira, na CBF, na fisioterapia e eu acho que nós o teremos para as oitavas de final", projetou Lopes.

"Eu conheço o Rodrigo Lasmar há muito tempo, excepcional profissional, é meu conhecido, meu amigo dos tempos de futebol. Ele [Neymar] está em excelentes mãos", acrescentoiu o médico

Marcos Lopes explicou que, além da lesão ligamentar, Neymar ainda teve como agravante de um edema ósseo, o que dificulta ainda mais sua recuperação em comparação a Danilo, que não teve o mesmo problema.

"Neymar tem uma lesão ligamentar. A lesão ligamentar você consegue tratar com mais severidade. Você consegue dar proteção, você consegue estabilizar um pouco mais, mas ele tem um edema ósseo. A grande questão é o edema. Edema é o precursor de uma fratura, antes da fratura vem o edema. Então, esse é o grande problema do Neymar. Como ele vai suportar essa carga? Ele pisar com o osso edemaciado. Porque edemaciado quer dizer que está inchado. Dói quando você pisa", explicou.

Lopes também detalha o tratamento aplicado no camisa 10. "De imediato quando o atleta tem uma lesão desse tipo, e serve pra os dois jogadores, você faz o protocolo 'Price', que é um acrônimo em inglês que significa proteção, repouso, gelo, compressão e elevação. Ou seja, você tira a carga, ele não pisa de jeito nenhum. Ele faz o gelo, que é pra melhorar o processo inflamatório, pra evitar que o hematoma aumente, a proteção do local e o repouso. Pra essas duas partidas agora [Suiça e Camarões] ele não tem condição de jogo. É uma temeridade", assinala.

O ortopedista afirma ainda que a parte psicológica será um fator decisivo no retorno do atacante ao time. Para ele, Neymar já apresentou um comportamento diferente desde a partida contra os sérvios, quando sofreu a contusão, e voltará com mais cautela aos gramados.

"Ele não vai ser o mesmo jogador. Eu estava vendo o jogo com uns amigos e falei assim: 'Neymar está estranho depois da torção que ele teve'. E ele começou a não dividir bola. Ele não era o mais o mesmo Neymar. (...) A grande questão das lesões ligamentares e das fraturas é o medo psicológico, é o medo de uma nova lesão. Então, com certeza ele não vai ser mais o mesmo jogador de quando começou a Copa. Esse trauma a gente chama de propriocepção, aquela incapacidade de continuar fazendo atividade física sem o medo da lesão", pontuou.

Sob supervisão do editor Alexandre Santos*

Assista à entrevista em vídeo:

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