Baiana se inspira em atacante ex-Seleção para vencer dasafios no futebol
Revelada pelo São Francisco do Conde em 2017, Maria Vitória joga profissionalmente pelo Avaí Kinderman, de Santa Catarina

Foto: Foto/Arquivo pessoal
Maria Vitória despertou a paixão pelo futebol logo nos primeiros anos de vida. Ainda na infância, ela dominava a bola no pé quando saía para brincar nas ruas de Santa Cruz Cabrália, cidade ao sul da Bahia. Mesmo com o talento prematuro correndo nas veias, porém, a jovem conta que era a única garota marcando gols em meio aos outros garotos.
"Sempre jogava com meus irmãos e os meninos da rua", relata em entrevista ao Varelanet. A situação deixa evidente a luta das mulheres para conquistar o próprio espaço no futebol, esporte que por muito tempo foi negado e até mesmo proibido a elas.
Maria Vitória levou sua paixão a sério e se tornou uma jogadora de futebol profissional. Em 2023, aos 24 anos, a baiana nascida em Ilhéus já passou por clubes como Ceará, Lusaca e Real Ariquemes.
"Atualmente sou atleta profissional do Avaí Kinderman. Comecei a jogar pelo São Francisco do Conde, em 2017. O jogo mais desafiador da minha carreira também aconteceu naquele ano. Minha família estava pela primeira vez na arquibancada torcendo por mim, e conseguimos o título de campeã e artilheira da competição. Com certeza esse jogo ficou marcado", detalha Maria.
"Acho que todos os jogos nos deixam emocionadas. Cada um tem uma emoção diferente", reflete a jovem.
Maria Vitória/Foto/Arquivo pessoal
Apesar das conquistas, obstáculos continuam
Mesmo com o apoio da família, Maria Vitória chama atenção para as dificuldades que enfrenta no dia a dia da profissão.
"Nós sofremos muito com o descaso no futebol feminino, a falta de investimento principalmente. Com certeza ainda existe muito preconceito. Sempre tem aquelas pessoas desnecessárias que gostam de falar coisas ruins. Quem não convive com a gente não sabe o que se passa no nosso meio", relata Maria Vitória, que não se abate.
"Hoje, eu posso dizer que o futebol é tudo para mim, é minha vida. É através dele que consigo ajudar minha família, que cresço diariamente como pessoa e como atleta também", explica a jovem. "Para todas as meninas que sonham em ser jogadoras profissionais, quero dizer que se dediquem, se esforcem ao máximo, dêem o melhor no que forem fazer, porque sempre tem alguém olhando. Se for da vontade de Deus, irá acontecer. Não desistam", aconselha Maria Vitória.
Maria Vitória/Foto/Arquivo pessoal
Ex-Seleção feminina inspira
Apesar de ter sido eliminada do Mundial feminino diante da Jamaica, a Seleção brasileira também serve de inspiração para a jovem atleta e outras meninas. "A força de vontade delas [jogadoras], de sempre continuar, apesar das coisas ruins que acontecem. Elas são espelhos positivos para nós, são mulheres fortes e de exemplo. Minha maior ídolo é a Cristiane. É uma pena que não esteve jogando na Copa, mas admiro muito ela. É um espelho para mim.", afirma Maria, ao mencionar a atacante do Santos, que já marcou 11 gols em 21 jogos vestindo a camisa do Brasil em Mundiais, mas não aparece em uma convocação desde fevereiro de 2021.
Maria Vitória/Foto/Aquivo pessoal
Falta investimento
Em 2022, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) direcionou cerca de R$ 15 milhões para o Brasileirão Feminino. Dessa quantia, foram distribuídos apenas R$ 5 milhões para cada um dos 16 clubes participantes.
O valor é incompatível quando comparado ao investimento destinado à série D do campeonato masculino. No total, a CBF aplicou R$ 105 milhões ao time dos homens, sendo R$ 25 milhões para cada clube. Além disso, o levantamento do ano passado divulgado pela entidade demonstrou que, na seleção masculina, houve um aumento de 45% nos investimentos. Já a seleção feminina sofreu uma queda de 40%.
Maria Vitória/Foto/Arquivo pessoal
*Sob supervisão do editor Alexandre Santos