Inclusão no Futebol: A Luta da comunidade LGBTQIAPN+ contra o preconceito

A comunidade LGBTQIAPN+ no futebol está passando por uma significativa transformação, desafiando históricas exclusões e preconceitos. Figuras como Luiz Felipe, da Torcida LGBTricolor, e iniciativas de grupos organizados estão promovendo um ambiente mais inclusivo. Apesar dos avanços, os desafios persistem, com episódios de LGBTfobia ainda frequentes nos estádios. Medidas como a inclusão de punições por discriminação pela CBF e a aprovação da Nova Lei Geral do Esporte indicam um movimento crescente em direção à igualdade e segurança para todos os torcedores.

Desafios Enfrentados pela Comunidade LGBTQIAP+ no Esporte

Apesar da mudança de percepção, os desafios permanecem. Segundo dados do Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQIAPN+, foram registrados 69 episódios de LGBTfobia em partidas de futebol em 2023, representando uma redução de 7% em relação aos casos de 2022. No entanto, os episódios de LGBTfobia vão além da violência física, manifestando-se em cânticos homofóbicos e ameaças verbais direcionadas a jogadores e torcedores.

Medidas de Inclusão e Crescimento Organizado

Durante muito tempo, a comunidade LGBTQIAPN+ foi considerada fora do contexto do futebol, um esporte tradicionalmente marcado por preconceitos e exclusões. Contudo, essa visão está sendo desafiada por figuras como Luiz Felipe, integrante da Torcida LGBTricolor. Ele observa que, historicamente, pessoas LGBTQIAPN+ eram desencorajadas a participar do futebol, sendo constantemente lembradas de que esse ambiente não lhes pertencia. No entanto, Luiz Felipe enfatiza a importância de resistir a essas barreiras e de lutar por um espaço mais inclusivo. Ele destaca que, apesar do futebol ainda ser um ambiente majoritariamente homofóbico e preconceituoso, a comunidade LGBTQIAPN+ está fazendo progressos significativos na representação e visibilidade dentro do esporte. “Nós da comunidade LGBTQIAPN+ escutamos que futebol não era nosso lugar. Porém, estamos provando que isso é uma farsa. Estamos cada vez mais representando a nossa comunidade em um espaço que é totalmente homofóbico e preconceituoso”, afirma Luiz Felipe, ressaltando a importância de continuar essa luta por igualdade e inclusão.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é pioneira na inclusão de punições esportivas por discriminação em seu Regulamento Geral de Competições. “Já sofri diversas ameaças dentro do estádio. Disseram para mim que se eu frequentasse o Barradão, poderia apanhar”, relata Gabriel, exemplificando o medo e a insegurança ainda presentes no ambiente futebolístico para torcedores LGBTQIAP+. Desde sua criação em 2019, o Coletivo de Torcidas Canarinhos LGBTQ+ passou de quatro para 22 torcidas filiadas, todas unidas pelo objetivo de combater a LGBTfobia, embora a presença organizada desses grupos nos estádios ainda seja tímida.

Iniciativas Inclusivas e Punições

Para promover um ambiente mais inclusivo, organizações como a Torcida LGBTricolor criam círculos de apoio, incentivando torcedores LGBTQIAP+ a participarem de forma segura. O Nordeste, segundo pesquisas do Grupo Gay da Bahia (GGB), é a região com os maiores números de crimes de homofobia, tornando essas iniciativas ainda mais relevantes. O Esporte Clube Vitória foi notificado por cânticos homofóbicos de sua torcida, resultando em um comunicado oficial e medidas punitivas para evitar comportamentos discriminatórios, conforme o artigo 243-G do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).

Legislação e Caso Recente

A importância de combater a LGBTfobia no futebol ganhou um novo impulso com a aprovação da Nova Lei Geral do Esporte pelo Senado, que prevê multas e outras medidas punitivas para atos discriminatórios. Um caso recente envolvendo cânticos homofóbicos e xenofóbicos de um torcedor do Bahia destacou a necessidade de aplicação rigorosa dessas medidas, com o clube anunciando um procedimento administrativo contra o torcedor em questão.