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Dia Nacional do Futebol: O crescimento da paixão das mulheres pelo esporte

Em meio ao preconceito as mulheres se sentem mais presentes no ambiente futebolistíco

| Autor: Felipe Cerqueira

Foto: Martin BERNETTI/AFP

Nesta sexta-feira (19), o Brasil celebra o Dia Nacional do Futebol, uma data que marca a fundação do primeiro clube de futebol do país, o Sport Club Rio Grande, em 1900. Este dia não apenas homenageia a tradição futebolística do Brasil, mas também destaca uma nova tendência significativa: o crescente interesse pelo futebol feminino.

Uma pesquisa recente da consultoria Sponsorlink, do Ibope Repucom, revela que o interesse pelo futebol feminino no Brasil cresceu 34% desde 2018. Esse crescimento é evidenciado pelo aumento das apostas esportivas feitas por mulheres, que subiram 31% em 2023 em comparação com o ano anterior. A plataforma Esportes da Sorte, que lidera em seguidores no Instagram e patrocina clubes nas séries A, B e C, reflete essa mudança.

De acordo com dados da Kantar Ibope divulgados no ano passado, 44% dos fãs de futebol no Brasil são mulheres. Esse número é significativo quando se considera que 68% da população nacional é apaixonada pelo esporte. A crescente visibilidade do futebol feminino nas mídias também contribui para esse aumento. Desde 2019, partidas da Copa do Mundo feminina passaram a ser transmitidas em TV aberta, o que antes era restrito aos canais pagos. O Mundial deste ano, que começa no próximo dia 20 de julho, promete ainda mais destaque para o futebol feminino.

Além disso, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) introduziu uma regra em 2017, obrigando todos os clubes da Série A a terem uma equipe feminina. A CBF está avaliando a possibilidade de estender essa exigência para todas as divisões do Campeonato Brasileiro, um passo importante para promover a inclusão e o crescimento do esporte feminino.

Apesar desses avanços, a disparidade financeira entre os atletas ainda é notável. A jogadora Marta, uma das maiores estrelas do futebol feminino, recebe um salário significativamente menor do que Neymar, astro do futebol masculino. Enquanto Neymar ganha 50 milhões de dólares por ano, Marta recebe 400 mil dólares, o que destaca a desigualdade no esporte.

Enquanto o Brasil comemora o Dia Nacional do Futebol, é essencial reconhecer e apoiar o crescimento do futebol feminino, que está moldando uma nova era para o esporte no país. A paixão pelo futebol está se expandindo para incluir e valorizar as contribuições e o entusiasmo das mulheres, promovendo um futuro mais inclusivo e justo para todos os envolvidos.

Para entender melhor o impacto desse crescimento, conversamos com Lorena Machado e Martha Lopes, duas torcedoras apaixonadas pelo esporte.

Lorena Machado, estudante de enfermagem e torcedora do Vitória, compartilha como começou sua relação com o clube: “Bem, a minha relação com o ECV começou quando eu ainda era apenas uma criança. Meu pai, que também nutre um amor pelo clube desde a infância, acabou me passando essa paixão, quando aos domingos me levava para os jogos, e desde então não desgrudei do manto.” Ela continua: “Como dito anteriormente, o amor que meu pai tem pelo futebol e acompanhá-lo em algumas partidas me fez amar esse esporte. Então, essa paixão começou desde pequenininha (por volta dos meus 6 anos).”

Foto: Arquivo Pessoal

Lorena expressa sua admiração pelo aumento da participação feminina: “Eu acho incrível poder acompanhar o crescimento da participação das mulheres no futebol brasileiro e mundial. Ver as minhas iguais desempenhando com tanta maestria uma área que outrora era predominantemente masculina é, entre vários adjetivos, algo maravilhoso.” No entanto, ela também menciona o preconceito que enfrentou: “Sim, como toda menina que cresce apaixonada por um esporte predominantemente masculino, eu já fui excluída ou desacreditada em alguns assuntos sobre o tema.” Para ela, um dos momentos mais marcantes foi: “A memória mais marcante para mim vivenciada com o esporte foi uma partida do meu time do coração contra seu atual rival, onde marcamos 5x1 na casa do mandante (Arena Fonte Nova). E nesse dia, eu estava, como de costume, ao lado do meu pai. Foi um dia inesquecível.”

Lorena Machado no Barradão (Foto: Reprodução/Redes Sociais) 

Martha Lopes, estudante de medicina e torcedora fervorosa do Bahia, compartilha suas memórias com entusiasmo: “Minha relação com o Bahia começou desde o berço. Uma das minhas primeiras roupas, quando recém-nascida, foi do time. Mas minha família começou a me levar ao estádio com 6 anos, e desde então nunca mais parei. Aos 6 anos, eu já pegava fila no portão do Pituaçu para entrar com os jogadores em campo, sabia todas as canções e cheguei até a sair no jornal como matéria de torcida mirim.” Ela destaca o legado familiar: “A paixão veio de família, pois sempre foram fanáticos pelo Bahia e me passaram esse legado. Como meus tios sempre me levaram ao estádio todo domingo, a paixão só aumentava. Enquanto meus colegas tinham outros programas, o meu era ir ao Pituaçu e Fonte Nova. A princípio, eu só gostava do meu time, mas com o tempo comecei a acompanhar o futebol em geral.”

Foto: Arquivo Pessoal

Martha expressa seu orgulho pelo avanço das mulheres no futebol: “Para mim, é um orgulho gigantesco ver mulheres envolvidas no futebol. Quando criança, a arquibancada era predominantemente masculina. Hoje, vejo muitas mulheres torcendo, acompanhando e falando sobre futebol. Isso é muito importante. Antes, os funcionários do clube eram todos homens; hoje, temos profissionais mulheres, e isso é essencial para o respeito no esporte. O futebol é para todos, e o lugar da mulher é onde ela quiser!” Ela também compartilha suas experiências com preconceito: “Muitas vezes! Hoje em dia, diminuiu bastante, mas sempre tive minha paixão pelo Bahia muito invalidada por homens. Perdi as contas de quantas vezes ouvi que eu não torcia de verdade ou que era apenas moda. Recebo comentários como ‘Seu lugar é na pia lavando prato’ e ‘Você nem entende de futebol’. É assustador ver que ainda existem pessoas com esse pensamento!”

Foto: @potenciadrones

Sobre suas memórias mais emocionantes, Martha recorda: “Tenho muitas lembranças de jogos emocionantes e momentos especiais com a torcida, como o acesso do Bahia em 2010 contra a Portuguesa, quando o chão do Pituaçu tremia! Mas o mais recente foi no dia 06/12/2023, Bahia x Atlético MG. Todos davam o Bahia como rebaixado, mas eu estive lá, entre os 28.000 presentes. Foi um jogo emocionante, desde antes da partida até o apito final, e a festa da torcida está eternizada no meu coração.”

Enquanto o Brasil celebra o Dia Nacional do Futebol, as histórias de Lorena e Martha ressaltam o impacto crescente das mulheres no esporte, destacando a paixão, os desafios e as vitórias que estão moldando uma nova era para o futebol no país. A paixão pelo futebol está se expandindo para incluir e valorizar as contribuições e o entusiasmo das mulheres, promovendo um futuro mais inclusivo e justo para todos os envolvidos.

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