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Catarse Tricolor: A semana histórica do EC Bahia

Classificado para a fase de grupos da Libertadores e com uma mão na taça do estadual, o torcedor do "Bahêa" tem motivos de sobra para celebrar

| Autor: Antonio Marzaro

Foto: Rafael Rodrigues/EC Bahia

A noite do dia 13 de março foi especial. Seja para o Esporte Clube Bahia, para o futebol nordestino, quiçá nacional. A volta do Pioneiro para onde nunca deveria ter saído: a Copa Libertadores. Antes de tudo, eu preciso falar da atmosfera que foi criada na Fonte Nova. Uma catarse tricolor. Para onde você olhava, existia um sorriso, uma lágrima, uma esperança de um sonho que a dois anos atrás parecia impossível. 

Na verdade, estou sendo generoso quando digo que foram dois anos, o século XXI do Bahia foi pesado para seu torcedor. O período conhecido como “Era das Trevas” não leva este nome à toa. Sim, tiveram as quatro conquistas da Copa do Nordeste, os oito títulos estaduais. Mas não podemos esquecer dos cinco rebaixamentos que a equipe sofreu - um deles, inclusive, para a Série C - a Tragédia da Fonte Nova (onde sete torcedores perderam suas vidas após parte da arquibancada ceder e derrubá-los de 15 metros de altura) e os “quases”. O Esquadrão quase foi para a Libertadores em 2019, quase foi campeão do Nordeste em 2015 e 2018, quase venceu o estadual em 2000, 2004, 2005, 2007, 2008, 2009, 2010, 2013, 2016 e 2017. Doloroso, não?

Mas os ventos mudaram no dia 3 de dezembro de 2022, quando os sócios do Bahia aprovaram a venda do clube para o Grupo City e uma nova era estava prestes a iniciar. O novo-rico do pedaço prometia ser não só uma "pedra no sapato" dos clubes do eixo, mas sim um postulante a glórias e hegemonias. Todavia, o início foi conturbado. Mesmo com o título estadual em 2023, o Esquadrão sofreu no Campeonato Brasileiro daquele ano e chegou na última rodada com 68,9% de chance de rebaixamento. Hoje, se você perguntar para um torcedor tricolor o que ele sentiu naquele 6 de dezembro de 2023, é provável que ele te diga ter sido um dos maiores dias que ele já viveu. Contrariando as expectativas, o Bahia se salvou e rebaixou o Santos, que tinha a menor probabilidade de queda (6,2%).

Este histórico recente foi mais para entender o que estava em jogo naquela noite: O sonho da volta daquele que foi o primeiro. Mas parece que a empolgação da torcida respingou nos 11 em campo. Era notório o nervosismo de alguns jogadores, talvez por estarem disputando o maior jogo da história recente do clube ou por não estarem acostumados com tal palco. Só que o destino sorriu para o Tricolor de Aço e, aos 13 minutos do segundo tempo, Jean Lucas, personagem do rebaixamento do Santos em 2023 - o qual salvou o Bahia da queda naquele ano - contratado pelo clube em 2024 e titular indiscutível na equipe, acertou aquele cabeceio e os 7 milhões de apaixonados pelo clube explodiram. Uma festa linda. Acompanhado da emoção, os cantos fervorosos de “Bora Bahêa Minha Porra” ensurdeciam os presentes na Fonte Nova e tiravam lágrimas daqueles que tanto esperaram proferir tal frase.

O apito final quase não foi escutado, pois só podia se ouvir os 40.670 torcedores presentes no estádio cantando a plenos pulmões: “O Pioneiro voltou”. Os jogadores estavam em festa no gramado, em especial Caio Alexandre. O volante, que é muito expressivo, percorreu o campo e comemorou com cada torcedor presente. Não era para menos, pois Caio foi um colosso neste jogo. Na verdade, quase todos os jogadores tiveram grandes atuações. Gilberto foi gigantesco na lateral direita, Éverton Ribeiro segue sendo o maestro desta equipe e a ascensão de Erick Pulga no Bahia é avassaladora. O ponta-esquerdo, que veio do Ceará, encaixou como uma luva no esquema de Rogério Ceni e já possui cinco gols e cinco assistências em treze jogos. 

Mas ainda faltava outro jogo: a ida da final do Campeonato Baiano contra o maior rival. A empolgação após a classificação tomou conta da turma tricolor, que lotou a Fonte Nova para mais um Ba-Vi e fez outra festa linda. Mais bonito ainda foi o desempenho da equipe, que amassou o Vitória e não venceu por méritos do goleiro adversário. O destaque, novamente, foi Erick Pulga, que fez gol, sofreu pênalti e provocou os visitantes. O menino de 24 anos já é o novo xodó dos tricolores e deve ficar assim por um bom tempo.

E, parando para pensar, é interessante ver os novos ídolos da torcida. Se antes os tricolores se orgulhavam de Bobô, Osni, Robson, Raimundo Nonato, entre tantos outros, a nova geração gera laços com Gilberto (o Gibagol), Juninho Capixaba, Zé Rafael, Lucas Fonseca, Éverton Ribeiro, e com potencial de novos ídolos, já que o clube está na crista da onda e tende a melhorar ainda mais. Claro que vão falar da venda para o Grupo City, mas convenhamos: estava na hora da torcida do Bahia ser feliz.

Pois bem, torcedor tricolor, sua hora chegou. Comemore, extravase, se permita sonhar. O futuro é brilhante e você é parte essencial do que está por vir.

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