Análise: Dorival erra na escalação e Brasil é dominado pela Argentina
Resultado foi o pior da história da seleção nas Eliminatórias

Foto: Rafael Ribeiro/CBF
O Brasil atravessa um longo ciclo de renovação, com foco na preparação para a Copa do Mundo de 2026. Vários técnicos já passaram pela seleção, mas nenhum conseguiu formar um time coeso. Desta vez, contra a Argentina, o técnico Dorival Júnior cometeu mais erros na escalação e viu sua equipe ser amplamente dominada pela atual campeã do mundo.
O treinador brasileiro decidiu manter o esquema tático utilizado contra a Colômbia na rodada anterior das Eliminatórias, com apenas dois jogadores no meio de campo. Contra uma Argentina que contava por Paredes, Enzo Fernández, Mac Allister e De Paul em seu meio de campo, Dorival escalou apenas Joelinton e André para o setor. O resultado foi previsível para quem observou a diferença nas formações das equipes. A Argentina dominou o jogo do início ao fim, com o seu meio de campo controlando as ações e ditando o ritmo da partida.
Logo aos 4 minutos, a superioridade da Argentina se transformou em gol. Alvarez aproveitou uma jogada bem trabalhada e abriu o placar. Mesmo com o time brasileiro desorganizado em campo, Dorival não fez alterações. Aos 12 minutos, Enzo Fernández ampliou a vantagem, após nova falha no meio de campo. Neste momento, muitos já pensavam em uma goleada histórica. Para rápido alívio do Brasil, o atacante Matheus Cunha, que teve sua titularidade muito contestada, roubou a bola de um zagueiro argentino e surpreendeu o goleiro Dibu Martínez com um belo chute de fora da área.
Após o gol, o Brasil teve uma chance de voltar ao jogo. Dorival já tinha uma visão do jogo e poderia mexer no time para aproveitar o momento. Porém, novamente, o treinador nada fez. Aos 26 minutos, o Brasil seguia apático e assistiu à Argentina marcar mais um gol. Após um escanteio bem executado, Mac Allister ampliou o placar, esfriando ainda mais as esperanças brasileiras.
A defesa brasileira, que contou com a estreia de Wesley na lateral e a primeira partida de Murillo com a camisa da seleção, claramente sentiu o peso do jogo. A escolha do treinador de colocar jovens em um momento tão crucial demonstrou uma falha na gestão do elenco. Outro jogador que comprometeu foi o lateral esquerdo Guilherme Arana, que falhou em seu posicionamento durante os lances dos gols. Já o capitão Marquinhos teve uma atuação regular, mas, no contexto geral, não conseguiu impedir o domínio argentino.
Estatísticas Argentina x Brasil
• Posse de bola: 56% x 44%
• Finalizações: 12 x 3
• Finalizações no gol: 7 x 1
• Passes trocados: 527 x 425
• Faltas cometidas: 12 x 19
No segundo tempo, Dorival finalmente fez alterações, trocando Murillo, Joelinton e Rodrygo por Léo Ortiz, João Gomes e Endrick. A saída de Murillo e Joelinton evidenciou a má performance de ambos, enquanto a entrada de Endrick, como centroavante, parecia ser uma tentativa de dar mais dinâmica ao ataque. Contudo, a ausência de um meia armador deixou o time sem criatividade no meio de campo. Faltava uma peça crucial para que as mudanças surtissem efeito: um jogador capaz de organizar as jogadas.
A Argentina continuava dominando a partida. Quando o Brasil parecia equilibrar um pouco o jogo, o técnico argentino Scaloni optou por Giuliano Simeone, alteração que renovou o fôlego da equipe e, aos 71 minutos, marcou o quarto gol, selando a vitória dos ‘hermanos’. Nesse momento, Savinho já estava em campo, mas novamente as alterações brasileiras não fizeram diferença. O Brasil seguia com muitos jogadores rápidos nas pontas, mas sem espaço para explorar e sem alguém capaz de organizar as jogadas.
Scaloni seguiu mexendo na sua equipe, mantendo o domínio total sobre o jogo. A sensação, nos minutos finais, era de que a Argentina poderia ter ampliado a vantagem a qualquer momento. Se não fosse pelas grandes defesas de Bento, o melhor jogador brasileiro da partida, o placar poderia ter sido ainda mais elástico. O jovem goleiro se destacou com defesas importantes, evitando um placar ainda pior para o Brasil.
Agora, cabe à CBF analisar cuidadosamente a situação e definir os próximos passos para a seleção, com foco na preparação para a Copa do Mundo de 2026, na qual o Brasil já está praticamente classificado. Nesta data FIFA, a seleção não contou com Neymar, que se recupera de uma lesão na coxa. A equipe precisa de planejamento, renovação e, acima de tudo, de uma identidade. É fundamental que o Brasil desenvolva um estilo de jogo consistente, que forme um coletivo forte capaz de entregar resultados positivos.