Agência Mundial Antidoping acusa EUA de permitir atletas competirem dopados
Entidade internacional chama a agência estadunidense de "hipócrita"
Foto: REUTERS/Albert Gea
A Agência Mundial Antidoping (WADA) publicou, nesta quinta-feira (8), uma nota oficial apresentando detalhes de supostas fraudes cometidas pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), ao longo dos últimos anos. A denúncia indica que atletas dopados foram liberados para competir durante anos, sem punição ou impedimento.
A nota oficial da WADA afirmou que existem, pelo menos, três casos de atletas que competiram por anos, "enquanto agiam como agentes secretos da USADA, sem que a WADA fosse notificada e sem que houvesse qualquer disposição permitindo tal prática sob o código ou as próprias regras da USADA".
"Seu caso nunca foi publicado, os resultados nunca foram desqualificados, o prêmio em dinheiro nunca foi devolvido e nenhuma suspensão foi cumprida. O atleta foi autorizado a competir contra seus competidores desavisados ??como se nunca tivessem trapaceado. Nesse caso, quando a USADA finalmente admitiu à WADA o que estava acontecendo, ela aconselhou que qualquer publicação de consequências ou desqualificação de resultados colocaria a segurança do atleta em risco e pediu à WADA que concordasse com a não publicação. Sendo colocada nessa posição impossível, a WADA não teve escolha a não ser concordar", afirmou a WADA por meio de nota.
Em seu pronunciamento, a Agência Mundial Antidoping chama a USADA de "hipócrita", em meio às frequentes denúncias dos estadunidenses contra atletas irregulares de outros países, como China e Rússia.
A agência antidoping dos Estados Unidos defendeu que atletas infratores fossem liberados para competir, para atuarem como informantes secretos. Em um dos casos, segundo a USADA, a assistência forneceu dados suficientes para que uma investigação do FBI avançasse sobre um esquema de tráfico de pessoas e drogas.
"É uma maneira eficaz de lidar com esses problemas maiores e sistêmicos", afirmou o presidente-executivo da USADA, Travis Tygart, à Reuters. A agência não deu mais detalhes sobre o incidente do informante da USADA.
Em um comunicado enviado à Reuters, a agência estadunidense antidoping afirmou que a WADA estava ciente dos casos antes de 2021 e classificou a declaração da agência global de "uma difamação" em resposta às críticas à forma como a USADA tratou o caso das nadadoras chinesas.