NotíciasEntretenimento'Vitória' encanta e mostra mais uma vez todo o poder de Fernanda Montenegro

'Vitória' encanta e mostra mais uma vez todo o poder de Fernanda Montenegro

A atriz brasileira brilha no auge dos seus 95 anos

| Autor: Redação

Foto: Divulgação

Após todo o sucesso de 'Ainda estou aqui', longa-metragem dirigido por Walter Salles e estrelado por Selton Mello, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, que rendeu ao cinema brasileiro, uma conquista de Oscar na categoria de Melhor Filme Internacional, além de outras duas indicações nas categorias Melhor Filme e Melhor atriz, com Fernanda Torres, os brasileiros estavam ansiosos e com o próximo lançamento brasileiro. Involuntariamente, essa expectativa cria uma pressão sobre o filme que se encarregou de ser a primeira grande produção brasileira após o 'Oscar Winner', porém, para o alívio de todos que estavam minimamente tensos, "Vitória" mostra para que veio e dá um show em todos os quesitos ao longo da sua duração.

O filme "Vitória", estrelado por Fernanda Montenegro e dirigido por Andrucha Waddington, é uma obra que busca retratar a coragem e a resiliência diante da violência urbana e da corrupção. Baseado na história real de Joana da Paz, uma idosa que desmascarou uma quadrilha de traficantes e policiais corruptos no Rio de Janeiro, o longa se destaca pela força de sua narrativa e pela atuação magistral de sua protagonista. No entanto, apesar de seus méritos, a produção enfrenta desafios em equilibrar a profundidade emocional com a construção cinematográfica.

Fernanda Montenegro, aos 95 anos, entrega uma performance que reafirma seu status como uma das maiores atrizes da história do cinema no Brasil. Sua interpretação de Nina, uma aposentada que decide enfrentar o crime com uma câmera na mão, é repleta de nuances. A atriz consegue transmitir a complexidade da personagem, alternando momentos de fragilidade e força com uma naturalidade impressionante. Sua presença em cena é tão poderosa que, mesmo em momentos de silêncio, ela consegue comunicar uma avalanche de emoções.

A direção de Andrucha Waddington, que assumiu o projeto após o falecimento de Breno Silveira, é competente e bem honesta, sem arriscar onde não se precisava correr qualquer tipo de risco e servir um bom 'feijão com arroz'. O filme adota uma abordagem convencional, focando na força da história e na atuação de Montenegro, mas deixa de explorar possibilidades narrativas e visuais que poderiam enriquecer a experiência do espectador. A escolha por uma narrativa linear e diálogos descritivos, embora respeitosa à história real, acaba limitando o impacto emocional da obra.

Outro ponto que merece destaque é a relevância social do filme. "Vitória" aborda temas como corrupção, violência urbana e a luta por justiça, questões que continuam atuais e urgentes no Brasil. A história de Joana da Paz, que precisou mudar de identidade e viver sob proteção após suas denúncias, é um lembrete poderoso da importância de enfrentar o medo e lutar por mudanças. No entanto, o filme poderia ter aprofundado mais as implicações sociais e políticas de sua narrativa, ampliando o debate sobre essas questões.

A produção também enfrenta críticas relacionadas à escolha de elenco. Joana da Paz, a mulher que inspirou a história, era negra, enquanto Fernanda Montenegro, uma atriz branca, foi escalada para o papel. Embora Montenegro entregue uma atuação impecável, a decisão de não escalar uma atriz negra para interpretar a personagem gerou debates sobre representatividade e fidelidade histórica. Essa controvérsia, embora não diminua os méritos do filme, levanta questões importantes sobre a indústria cinematográfica.

Em resumo, "Vitória" é um filme que emociona e inspira, graças à atuação brilhante de Fernanda Montenegro e à força de sua história. No entanto, a produção deixa a sensação de que poderia ter ido além, explorando com mais profundidade tanto os aspectos cinematográficos quanto os sociais. Ainda assim, é uma obra que merece ser vista e discutida, especialmente por sua relevância no contexto atual.

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