Um ano sem a Rainha da Sofrência: legado de Marília Mendonça permanece vivo
Investigação da Polícia Civil aponta "falha humana" em acidente que matou uma das cantoras mais queridas do Brasil
Foto: Divulgação
Há um ano, o Brasil perdia uma das vozes mais potentes e amadas do país. A aeronave na qual estava Marília Mendonça caiu em Piedade de Caratinga, no Vale do Rio Doce, no oeste de Minas Gerais, no dia 5 de novembro de 2021, após colidir com um cabo de alta tensão de uma torre de distribuição quando se aproximava do pouso. O acidente aéreo causou a morte da cantora sertaneja, aos 26 anos, de Abieceli Silveira, assessor e tio da cantora, do produtor Henrique Ribeiro, do piloto Geraldo Medeiros e do copiloto Tarciso Pessoa Viana. A principal suspeita é que uma falha humana tenha ocasionado a queda do avião.
Natural de Cristianópolis, no interior de Goiás, a artista teve o primeiro contato com a música aos 12 anos, fazendo apresentações na igreja. O início da carreira profissional, no entanto, aconteceu sete anos depois, quando ela partiu para São Paulo, com o objetivo de realizar seus sonhos. Antes de atrair multidões para os seus próprios shows, Marília conquistou o seu espaço com composições que foram interpretadas por nomes renomados no sertanejo, como Henrique e Juliano, Jorge e Mateus, Cristiano Araújo, Matheus e Kauan, e João Neto e Frederico.
Legado
Marília partiu, mas deixou um legado. A cantora potencializou a voz feminina no mundo do sertanejo, um lugar predominantemente ocupado por homens, com canções que falam de amor, traição, problemas enfrentados em relacionamentos reais e farra. A menina que explodiu em 2015, com o hit "Infiel —quando tinha 20 anos— conseguiu se tornar um ícone do gênero no Brasil, recebeu o título de Rainha da Sofrência e alcançou mais de 20 premiações por seus trabalhos.
Em toda a sua carreira, Marília Mendonça gravou 17 álbuns. Foi indicada ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Sertaneja com "Realidade", de 2017, mas só garantiu o trófeu em 2019, com o projeto "Todos os Cantos", que rodou todas as capitais brasileiras. Também fez história em uma live que conseguiu alcançar 3,3 milhões de acessos simultâneos, em maio de 2020, durante um período crítico da pandemia da Covid-19.
A morte de Marília Mendonça gerou comoção nacional e ainda é dolorosa para dona Ruth, mãe da cantora e dona de um canal de culinária. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, a youtuber revelou que o quarto da artista permanece intacto. "Era onde ela passava grande parte do tempo", contou dona Ruth.
“Só choro nas madrugadas, porque está todo mundo dormindo. É só Deus que está acordado para me ver”, desabafou a mãe da Rainha durante edição que vai ao ar neste domingo (6).
Investigação aponta falha humana
A Polícia Civil de Minas Gerais informou nesta sexta-feira (4) que o piloto da aeronave não realizou o padrão de pouso do aeródromo. De acordo com os depoimentos das investigações, Geraldo Medeiros teria feito a aproximação corretamente, mas "se afastou muito" da área recomendada.
Segundo dados das investigações, o bimotor da empresa PEC Taxi Aéreo estava voando baixo e acabou colidindo com um cabo de alta tensão de uma torre de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Responsável pela investigação, o delegado regional de Caratinga, Ivan Lopes Sales, afirmou que Cemig não tinha obrigação de sinalizar a rede elétrica porque as torres estão localizadas a a 4.600 metros da cabeceira da pista, fora da zona de proteção do aeródromo.
Além disso, o delegado informou que as condições meteorológicas eram "favoráveis ao voo visual" no dia da tragédia.
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