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O Auto da Compadecida 2 chega apostando na nostalgia

A crítica não reflete a opinião do VarelaNet

| Autor: Vítor Lyrio

Foto: Divulgação

"O Auto da Compadecida 2" marca o retorno de Guel Arraes aos cinemas brasileiros em 2024, com uma sequência muito esperada. Embora o filme não atinja o mesmo nível de perfeição do original de 1999, ele traz de volta o carisma e a nostalgia dos personagens que conquistaram o público há mais de duas décadas. A narrativa continua a explorar o sertão brasileiro, agora sob a pressão de coronéis e empresários de rádio, ao invés do cangaço.

A trama se passa 20 anos após a história original, com João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) enfrentando novos desafios. Desta vez, a dupla se depara com figuras de autoridade corruptas, como o Coronel Ernani (Humberto Martins) e o empresário Arlindo (Eduardo Sterblitch), que representam as novas ameaças do sertão. Embora a sofisticação do texto não esteja à altura da obra de Ariano Suassuna, os personagens principais mantêm o charme que os tornou icônicos.


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O filme se destaca especialmente nos momentos em que Nachtergaele e Mello estão em cena, revivendo a química que cativou os espectadores no primeiro filme. Suas interações no rádio, com a doçura de Chicó e a sabedoria de João Grilo, são um lembrete de por que esses personagens são tão amados. No entanto, a decisão de transformar o sertão em um palco teatral estilizado com efeitos visuais e gravações em estúdio, em vez de locações reais, tira um pouco da essência do original.

O novo elenco, que inclui Fabiula Nascimento e Luis Miranda, traz boas adições, mas algumas performances não conseguem capturar a mesma magia. Ainda assim, Miranda brilha como Antônio do Amor, especialmente em cenas cômicas. A crítica social presente na narrativa original continua, agora abordando a privatização de terras e a manipulação de meios de comunicação para ganho político.

Apesar das diferenças e do uso excessivo de efeitos visuais, "O Auto da Compadecida 2" ainda consegue evocar a nostalgia e o carinho pelo original. A direção de Arraes e Flávia Lacerda é meticulosa nos interiores, com um design de produção bem pensado, especialmente nas cenas que se passam na igreja. Mesmo que a comédia física não seja tão prevalente quanto antes, o timing cômico e as interações com objetos continuam a entreter.


Foto: Divulgação

A continuação talvez não seja tão brilhante quanto o primeiro filme, mas consegue se manter fiel aos elementos que o tornaram um clássico. O público pode não encontrar a mesma profundidade e complexidade, mas será atraído pela nostalgia e pelo carinho pelos personagens. No final das contas, "O Auto da Compadecida 2" é um retorno bem-vindo e divertido, que apesar das imperfeições, ainda conquista os corações dos espectadores.

"O Auto da Compadecida 2" é um filme que sobrevive mais pelo afeto criado pelo original do que por sua própria competência. É um tributo aos personagens que muitos brasileiros aprenderam a amar, oferecendo um novo capítulo que, embora não seja perfeito, ainda proporciona momentos memoráveis e emocionantes.

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