Moana 2 é uma sequência sem alma e que abusa de gírias sem graça
A crítica não reflete a opinião do VarelaNet
Foto: Divulgação
"Moana 2" chega aos cinemas em uma missão desafiadora: tentar superar um filme original que cativou tanto pela inovação quanto pela profundidade cultural. Contudo, a sequência, embora repleta de animação deslumbrante e cenas de ação envolventes, não consegue repetir o impacto emocional que fez o primeiro filme da Disney ser tão memorável. Em vez disso, peca por uma série de falhas narrativas e escolhas questionáveis, que deixam a sensação de que, apesar de toda a grandiosidade técnica, falta à produção algo essencial: autenticidade e coração.
A tentativa de manter a conexão com o público brasileiro, ao inserir gírias populares como "Lacrou", "Fui moleque" e "O pai tá on", foi um erro lamentável. Se o objetivo era aproximar o filme da cultura local, o resultado é um exagero insustentável, que, em vez de gerar identificação, soa forçado e desconectado da proposta original. As piadas, muitas vezes baseadas em expressões que já estão saturadas no vocabulário jovem, criam uma atmosfera artificial que não ressoa nem com as crianças, como ficou claro após as diversas críticas postadas nas redes sociais de pais e filhos que não acharam graça nas referências. Ao tentar ser “atual” e “moderno”, o filme acaba por afastar seu público, transformando uma obra para todas as idades em algo anacrônico e cansativo.
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Em termos narrativos, "Moana 2" falha em desenvolver seus novos personagens. A tentativa de expandir o elenco com figuras como Loto, Kele e Moni deveria ser uma oportunidade para enriquecer a trama, mas, no final, eles se revelam como personagens superficiais, mal aproveitados e pouco interessantes. Isso reflete a origem do filme como uma série, onde esses personagens provavelmente teriam mais espaço para se desenvolver, mas aqui acabam sendo meros coadjuvantes sem profundidade.
A história, centrada na missão de Moana para restaurar a ilha de Motufetu, segue uma fórmula segura de aventura e emoção, mas carece de qualquer surpresa ou inovação. O filme repete temas e estruturas do original, sem adicionar algo significativo. A relação de Moana com sua irmã caçula, Simea, poderia trazer uma camada emocional mais rica, mas acaba se mostrando rasa e previsível, algo que já vimos em tantas outras produções.
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A música, um dos maiores pontos fortes de "Moana" (2016), também decepciona nesta sequência. As canções de Abigail Barlow e Emily Bear, embora competentes, não possuem o mesmo brilho das composições de Lin-Manuel Miranda. Faixas como "Beyond" e "Get Lost" tentam transmitir mensagens mais maduras, mas carecem do impacto imediato de hinos como "How Far I'll Go". O que se sente é a ausência de uma grande melodia que encapsule a jornada de Moana e a faça ressoar de forma profunda no público.
Além disso, a escolha de transformar o filme em uma experiência visualmente deslumbrante, com animações hiper-realistas e uma produção técnica de alto nível, acaba se tornando um artifício vazio. A riqueza visual e a fluidez de movimentos, ainda que impressionantes, não conseguem preencher o vazio emocional da história. O filme se torna, em muitos momentos, uma celebração da técnica sem alma, onde a narrativa perde força diante da grandiosidade da imagem.
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Em um ano em que produções como "DivertidaMente 2" se destacam pela profundidade emocional e inovação, Moana 2 se mostra apenas uma sequência competente, mas sem o espírito original que fez a primeira parte ser um sucesso. Não é um filme ruim, mas é, sem dúvida, uma decepção, especialmente para quem esperava uma continuação à altura de seu antecessor. Em vez de desafiar e emocionar, Moana 2 parece se contentar com o mínimo, perdendo a chance de oferecer algo realmente novo e relevante para o público. Se a intenção era manter Moana como uma heroína inspiradora, o filme falha, deixando um gosto amargo de potencial desperdiçado.