Flow faz por merecer Oscar de Melhor animação e encanta com simplicidade
A crítica não reflete a opinião do VarelaNet

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Após um breve período sem postar críticas por aqui por conta do Carnaval e é claro, do Oscar (ainda não me recuperei 100%), cá estamos nós novamente, dessa vez, para falar sobre "Flow", o filme que chegou despretensiosamente e mesmo disputando com grandes produções milionárias, incluindo o poderoso Divertidamente 2, papou a estatueta de Melhor Animação, mesmo tendo sido feito de forma completamente independente.
Como mencionado anteriormente, o filme saiu da noite de premiação como o vencedor do Oscar de Melhor Animação em 2025. O filme é uma obra que transcende as convenções do gênero e oferece uma experiência cinematográfica única. Dirigido por Gints Zilbalodis, o filme se destaca por sua narrativa visual sem diálogos e de certa forma, até muito simples, que acompanha a jornada de um gato em um mundo pós-apocalíptico devastado por uma inundação. Essa escolha ousada de contar a história exclusivamente por meio de imagens e sons é um dos aspectos mais marcantes da produção, que cativa o espectador com sua abordagem minimalista e emocionalmente rica.
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A animação impressiona pela qualidade técnica, especialmente considerando seu orçamento modesto de menos de US$ 4 milhões. Criado com o software de código aberto Blender, "Flow" demonstra que a criatividade e a inovação podem superar as limitações financeiras. A estética visual é deslumbrante, com paisagens aquáticas que evocam tanto beleza quanto desolação, enquanto os movimentos dos personagens animais são incrivelmente detalhados e realistas, mesmo tendo sido feito sem captação de movimento e outras técnicas bastante populares na indústria cinematográfica de Hollywood.
No entanto, a ausência de diálogos pode ser um ponto polarizador. Embora essa escolha amplifique a universalidade da história, permitindo que ela ressoe com públicos de diferentes culturas, também pode afastar espectadores que preferem narrativas mais tradicionais. Além disso, o ritmo contemplativo do filme, embora adequado ao seu tom, pode parecer lento para alguns.
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Outro aspecto digno de nota é a mensagem ambiental subjacente de "Flow". A inundação apocalíptica que serve de pano de fundo para a trama é uma metáfora poderosa para os desafios climáticos enfrentados pelo mundo atual. O filme convida o público a refletir sobre a relação entre humanidade e natureza, mesmo em um cenário onde os humanos estão ausentes.
Em suma, "Flow" é uma celebração da arte independente e da narrativa visual. Ele não apenas desafia as convenções do cinema de animação, mas também oferece uma experiência profundamente emocional e reflexiva. É um marco para a Letônia no cenário cinematográfico global e um lembrete de que grandes histórias podem ser contadas de maneiras inesperadas.