'Emília Pérez' definitivamente é uma decepção disfarçada de musical

Com a era dos streamings cada vez mais presente e consequentemente, o surgimento cada vez maior de uma vasta oferta de conteúdo disponível nestes serviços, hoje em dia é cada vez mais comum nos depararmos com produções de qualidade bastante duvidosa. No entanto, em 2025, até o Oscar conseguiu abraçar um filme que não atende às expectativas, aliás, que deixa até a pessoa mais pessimista decepcionada com a FALTA DE QUALIDADE em uma produção audiovisual. "Emilia Pérez", que estreou nos cinemas brasileiros em 6 de fevereiro, é o mais novo exemplo disso. Produzido pela Netflix, o longa deve chegar ao streaming no Brasil em breve, mas já adianto aos leitores porque quem avisa, amigo é: Não perca seu tempo com esse filme.

Foto: Divulgação

A premissa de "Emilia Pérez" até possui um potencial bastante chamativo, mas a execução do diretor Jacques Audiard que confesso, já esteve em prateleiras mais altas comigo, falha em vários níveis, para não falar "em todos". O filme narra a história de um narcotraficante mexicano que sonha em transicionar de gênero e pede a ajuda de uma advogada frustrada para realizar esse desejo. Infelizmente, a tentativa de misturar drama com musical não funcionou. A história é interrompida por números musicais que muitas vezes parecem fora de contexto e que reforçam estereótipos negativos sobre a cultura mexicana.

Além das falhas na execução, "Emilia Pérez" enfrenta polêmicas envolvendo a protagonista trans, interpretada por Karla Sofía Gascón. A atriz teve postagens preconceituosas expostas nas redes sociais, o que gerou uma onda de críticas e afetou negativamente a percepção do público brasileiro. A rivalidade entre "Emilia Pérez" e o filme brasileiro "Ainda Estou Aqui", ambos competindo pelo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, também contribuiu para a imagem desfavorável do longa.

A inconsistência do filme é um dos seus maiores problemas. Enquanto algumas cenas são extremamente sérias, outras parecem paródias, criando um tom confuso. O roteiro é repleto de furos e decisões ilógicas dos personagens, o que frustra ainda mais o espectador. e eu gostaria de parafrasear a grande Isabela Boscov agora, porquê como a mesma trouxe em seu vídeo sobre esse desastre audiovisual, há pelo menos 40 anos, não se vê uma cena tão MAL FILMADA quanto a do momento em que Emília Pérez recebe sua antiga família na sua nova casa. Particularmente, eu não tenho nenhuma lembrança positiva deste filme, nem uma cena se quer.

Por fim, "Emilia Pérez" se perde em sua própria grandiosidade. Os números musicais, embora tecnicamente bem executados, não conseguem transcender a superficialidade e se integrar de maneira significativa à trama. A tentativa de abordar temas importantes como representatividade e questões sociais acaba prejudicada pela falta de profundidade e pela abordagem estereotipada.