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Drag Queen Nininha Problemática desbrava novos caminhos no pagode baiano

Nininha Problemática lançou o EP “PAGODRAG” que transita entre pagodão baiano e o afoxé

| Autor: Vinicius Viana*
Drag Queen Nininha Problemática desbrava novos caminhos no pagode baiano

Foto: Reprodução/Divulgação

Para tocar nos paredões a cantora Nininha Problemática, primeira Drag Queen do pagode baiano, lançou neste mês o seu primeiro EP pagotrap intitulado de “PAGODRAG”. O novo trabalho da artista baiana contém cinco músicas autorais que transitam entre o pagodão baiano e o afoxé, com muita originalidade e celebrações a cultura da periferia baiana.

Carregadas de alegria, cultura, humor, sensualidade e muito axé, “Calendário”, “Naquele esquema”, “Ao som do meu Berimbau”, ‘Zuêra” e “Pala de Marquinha”, que é a música carro chefe escolhida por Nininha Problemática, já estão disponíveis nas principais plataformas digitais de streaming e foram produzidas por Apache Abdala, músico conhecido por produzir grandes artistas e bandas do pagode baiano.

Em entrevista ao Varela Net, a cantora Nininha Problema falou sobre ao lançamento do “PAGODRAG” e onde buscou inspiração para a construção do EP. “Nesse projeto novo reuni dois universos dos quais faço parte, que são o Drag Queen e o pagodão, que curto, consumo e faço. E dessa fusão de cultura lancei essa musicalidade diferenciada no mercado. Com muito swing e aquela percussão que a Bahia, com o dialeto da comunidade LGBQIA+ e com letras mais dançantes”, explicou.

De acordo com a cantora, “Pala de Marquinha” promete ser o sucesso do verão para quem gosta de ficar marcadinho com o biquíni, sunga ou fita. “É a música do verão para você que gosta de pegar seu bronze. Você gosta de botar sunguinha? É a sua música para você filmar na praia e na piscina, quando estiver tomando seu bronze”, comentou a cantora, bem humorada.

Perguntada sobre a sua caminhada no pagode baiano desde 2017, a cantora foi enfática ao dizer que enfrentou e ainda enfrenta preconceito e discriminação das pessoas dentro do segmento. “O pagodão é um meio muito machista, homofóbico e que quer me colocar como um fantoche e eu não estou nesse lugar, sabe? Me coloquei como uma artista e as pessoas que estão no palco comigo também são artistas e cantar dessa forma é maioral e verigorante”

Nininha Problemática contou que pessoas tentaram desestimulá-la a seguir cantando pagode, mas decidiu acreditar que tem um proposito a cumprir e que fará diferença na indústria da música.

“Optei pelo caminho mais difícil, né? Muitas pessoas me falaram que eu deveria fazer o que a Pabllo [Vittar] e Ludmilla estão fazendo, mas se eu estivesse fazendo o que elas fazem eu seria apenas mais uma no mercado tão grande. Fui pelo pagode, que é [meio] bem machista, o espaço não é aberto para mim, para pessoas como eu estar no palco como protagonistas, mas sigo na luta porque acredito em tudo que eu faço. É difícil, mas vou continuar fazendo, eu tenho um proposito para cumprir.  Eu quero que as pessoas se sintam motivadas a falar que também é possível elas fazerem, que as pessoas se identifiquem com minha vivência e realidade”, declarou, firme, a cantora.

A Drag Quenn pontuou que a internet foi a grande porta para mostrar o seu trabalho, já que antes na imprensa convencional (rádio, TV e jornal) o espaço para artistas LGBTQIA+ era pequeno devido a homofobia.

“A internet democratizou muitas coisas e possibilitou as pessoas a mostrarem quem são, os seus talentos, porque por muito tempo tudo estava nas mãos das rádios e dos grandes empresários, e hoje a internet é quem decide o que é sucesso ou não. Quando ‘joguei’ meu trabalho na internet foi o que me possibilitou e comecei a entender o ato político que é a Nininha Problemática, o que representava para a comunidade da periferia de Salvador”, relatou.

Apesar de muitas vozes contrárioa, que diziam "você não vai conseguir", Nininha Problemática contou que no início da carreira recebeu apoio de sua família e de amigos de trabalho

“Falta autoestima em uma pessoa como eu, uma bicha preta da periferia, nunca foi dada essa autoestima. Desde a época do cinema, a minha gerente me motivou a continuar fazendo as minhas coisas, a galera da minha equipe, grandes amigos que apostaram na minha ideia, a minha família também e nisso a gente foi construindo uma legião de seguidores, de fãs que acredita, e que vão me potencializando”, relatou, pontuando que a sua ficha de que ela é um sucesso ainda está caindo.

Faltando apenas alguns meses para o Carnaval de Salvador, a Drag Queen falou sobre a expectativa para a realização da maior festa de rua de mundo. “As pessoas estão esperando tanto tempo, 2 anos em casa, para viver a experiência. Eu quero muito viver este momento e estou ansiosa, pensando em muitas coisas. Eu quero estar glamorosa e belíssima”, completou.

Confira a entrevista

 

*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes

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