Carnaval do Rio: Baía de Todos os Santos será tema da Unidos da Tijuca em 2023
O Varela Net conversou com o presidente do Observatório da Baía de Todos os Santos, Moysés Cafezeiro, a respeito da colaboração com a organização e a escola de samba, para que a concretização do projeto seja possível

Foto: Reprodução/ Unidos da Tijuca/ Moysés Cafezeiro
Por diversas vezes, a Bahia - com destaque à capital, Salvador, e sua região metropolitana (RMS) - foi inspiração e tema das escolas de samba do Rio de Janeiro. Contudo, em 2023, pela primeira vez, a vasta cultura da região da Baía de Todos os Santos (BTS) será homenageada e levada ao sambódromo, graças à colaboração da Unidos da Tijuca com o Observatório da Baía de Todos os Santos (OBTS).
Mas, afinal, o que é a BTS? Algumas pessoas acabam confundindo os termos Bahia e Baía. Entretanto, a escrita da palavra sem a letra "h", acompanhada do acento agudo no "i", é toda passagem côncava de água rodeada por faixa de terra, que avança no sentido do mar ou do oceano.
Apesar de não receber o devido reconhecimento dentro do território nacional, curiosamente, a Baía de Todos os Santos foi a primeira a ser descoberta no Brasil, em 1501, além de possuir a maior extensão do país e a segunda maior extensão do mundo - com 1.200 km² - ficando atrás apenas do Golfo de Bengala, localizado na Ásia.
O Varela Net conversou com Moysés Cafezeiro, presidente do Observatório da Baía de Todos os Santos (BTS) - e responsável por sugerir a localidade como uma possível temática à Unidos da Tijuca - a fim de compreender como vem sendo a colaboração entre a organização sem fins lucrativos e a escola de samba carioca.
Moysés, natural de Itaparica, relata que quando criança trabalhava ao lado do pai realizando entregas pela região e que, desde então, reconhece a importância da Baía de Todos os Santos e nutre grande carinho pelo o que ela representa: sua mistura de povos, culturas e paisagens.
E foi por conta dessa adoração que o presidente do Observatório, junto a sua equipe e a Fundação Baía Viva, foi atrás de transformar em realidade o sonho de levar a BTS para os desfiles do carnaval carioca. "Uma das maiores conquistas, uma emoção enorme ver essa história passar pela Marquês de Sapucaí", celebrou Moysés.
O presidente da OBTS conta que a Unidos da Tijuca vem estudando bastante sobre a cultura local, enviando representantes à Bahia e a levando até o Rio - em uma viagem de 10 dias - para compreender e auxiliar o trabalho que vem sendo feito pela escola.
"Eram 500 pessoas na quadra [da Unidos da Tijuca], 60 sambistas presentes, e a leitura completa da sinopse foi feita diante de todo mundo", contou Moysés.
A sinopse em questão é um texto, bem detalhado, que explica sobre o que o desfile e o samba-enredo pretendem retratar. No caso da Unidos da Tijuca, a produção foi referente ao enredo de 2023 "É onda que vai... É onda que vem... Serei a Baía de Todos os Santos a se mirar no samba da minha terra" e contém detalhes do misto de características originárias dos 18 municípios e 36 ilhas que compõem a região.
Moysés explicou que o projeto tem o intuito de beneficiar o turismo e a economia da Baía. O desfile televisionado dará destaque à história, tradição e aos ornamentos produzidos pela mão de obra local, além de dar a oportunidade, de forma inédita, aos próprios baianos de representarem aquilo que está sendo contado sobre suas raízes.
"Pela primeira vez os artistas baianos vão poder concorrer na seleção do samba-enredo, pela primeira vez acontecerá a audição de um casal de porta-bandeira e mestre sala, em Salvador".
"E aquela alegoria tradicional, das baianas, vai contar também pela primeira vez com a participação das de verdade, daqui da Bahia, inclusive, a escola está em contato com a Associação das Baianas do Acarajé", contou Moysés.
Ajuda do setor privado
Apesar da magnitude do projeto, e das diferentes esferas que ele toca, o presidente da OBTS revela que a principal apoiadora da causa é a iniciativa privada, e que, até o momento, nem a Prefeitura de Salvador, nem o Governo do Estado da Bahia colaboraram de alguma maneira.
"Em qualquer lugar do mundo o Governo já teria ajudado, o Estado tem que abraçar. Se pagam shows caríssimos no interior, que não geram o mesmo retorno. Olha o tamanho da promoção da Baía de Todos os Santos que esse desfile vai fazer... Salvador tinha que ter abraçado".
Mesmo sem o apoio dos órgãos governamentais, Moysés voltou a demonstrar sua gratidão à quem, independente disso, está ajudando na realização do projeto. "A Baía de Todos os Santos agradece o cuidado e acolhimento ao berço do Brasil. É samba que vai e samba que vem!".
Por fim, deixou o recado de que no dia 1° de novembro, data que marca o aniversário dos 501 anos da Baía de Todos os Santos, acontecerá uma feira na quadra da Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, que levará os vendedores da região para comercializar seus produtos, e convidou todos aqueles que se possuem em interesse em participar a comparecerem.
*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes