BC deve voltar a subir juros para conter inflação
Decisão sai no fim da tarde e índice pode empatar com auge da crise do governo Dilma

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (18) e deve subir a taxa básica de juros de 13,25% para 14,25% ao ano. Com isso, a taxa Selic deve atingir o maior patamar desde agosto de 2006, ainda no primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Naquele momento, os juros estavam em 14,75% ao ano. Se confirmado, esse será o quinto aumento seguido na Selic, que serve de referência para taxas de juros cobradas no Brasil. O anúncio deve sair no fim da tarde.
A taxa de 14,25% também repete o patamar registrado entre 2015 e 2016, no auge da crise do governo Dilma Rousseff. A ex-presidente sofreu impeachment em agosto de 2016. A preocupação do BC agora é com a inflação num cenário de economia aquecida. No ano passado, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 3,4%. Para tentar frear a alta de preços, o Copom sobe os juros para esfriar a demanda por crédito e a atividade econômica.
O aumento dos juros, se levado adiante, busca conter pressões inflacionárias. Em fevereiro, a inflação oficial somou 1,31%. Esse foi o maior patamar para um mês de fevereiro desde 2003, há 22 anos e o maior nível desde março de 2022 — quando os preços subiram 1,62%. Já no acumulado em 12 meses, a inflação registra um avanço de 5,06%, maior nível desde setembro de 2023.
A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter a inflação, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre. Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, a tendência é de manutenção ou alta da Selic. Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.