NotíciasCidadeMulher que agrediu enfermeira em vacinação era médica e queria burlar sistema

Mulher que agrediu enfermeira em vacinação era médica e queria burlar sistema

Agressora exigiu que equipe da UBS de Brotas não respeitasse as normas do Ministério da Saúde para imunizar filhos

| Autor: Redação

Foto: Arquivo pessoal

Uma das mulheres que foi flagrada agredindo uma enfermeira, na sala de vacinação na Unidade Básica de Saúde (UBS) Manoel Vitorino, no bairro de Brotas, é médica. A vítima relatou que a agressora e sua irmã exigiam que a equipe dq unidade burlasse o sistema do Ministério da Saúde.
 
Em conversa com a TV Bahia, a vítima falou sobre a sensação após o ocorrido. A médica vai consultar advogados antes de se pronunciar sobre a situação.

“Fisicamente, eu estou muito machucada, dolorida. Mas o emocional é o pior. Eu não estou conseguindo acreditar. Parece que eu estou fora da realidade, que eu estou assistindo um filme de terror. Eu não consigo mais fechar o olho, que eu lembro do momento em que eu estava sendo agredida. Essas duas senhoras pularam em cima de mim e me bateram muito".

"Tomei muito tapa, muito puxão de cabelo. Eu não consigo mais esquecer que esse momento existiu. Não consigo comer, não consigo assistir, não consigo dormir. Está sendo muito difícil”.

O Sindicato dos Servidores Públicos do Município já registrou 18 agressões contra profissionais da saúde em pontos de vacinação de Salvador, desde o início do processo. Ainda chocada, a enfermeira detalhou como foi iniciada a confusão.

“Elas chegaram com duas crianças para serem vacinadas. Me entregaram o cartão, eu conferi a documentação de dentro, mas não conferi a vacina. Entreguei na sala que seria responsável pela aplicação da vacina. Foi quando uma das pessoas me chamou, para avisar que o cartão estava incompleto e que no sistema não constava nenhuma dose. Eu conferi no sistema e não constava dose no registro do município. Também não constava, no cartão da criança, validade, local de aplicação, nem o nome da pessoa que aplicou".

A profissional ainda revelou que as mulheres possuíam dois cartões de vacinação para a mesma criança, que não teve idade divulgada.

"Ela apresentava dois cartões: um, contendo a vacina CoronaVac, e o outro, contendo a vacina Pfizer. Eu expliquei para a mãe que ela teria que aguardar alguns minutos, que essas informações seriam passadas para o distrito, e eles lá iriam fazer a correção. A mãe foi extremamente agressiva comigo neste momento, partiu para a agressão verbal, me chamou de incompetente, perguntou como eu poderia deixar uma criança sair desse jeito".

Segundo o Ministério da Saúde, atualmente a vacinação infantil contra a Covid-19 deve ser realizada em duas doses do mesmo imunizante. Conforme a vítima, quando tentou explicar o protocolo da imunização, a irmã da mulher, que é médica, sugeriu que a enfermeira burlasse o sistema.

"A irmã dela, que se apresentou como médica, tentou solucionar, falando que eu deveria desconsiderar que aquela dose que estava registrada no cartão, apesar de completa, e que a partir daquele momento eu vacinasse a criança como primeira dose. Eu disse: ‘Senhora, eu não posso fazer isso. Se a criança tomou a vacina, é importante que o esquema seja concluído de acordo com o que está protocolado no Ministério da Saúde. Se eu vacinar ela como primeira dose aqui, ela vai tomar a segunda e vai ter uma terceira, sendo que ela já tomou a vacina. O que a senhora está me pedindo é incorreto’.

Então, a enfermeira comunicou a situação para a gerência do posto. Na sequência, as duas mulheres então entraram na sala restrita e continuaram tentando convencer a equipe a fraudar o sistema

“Quando a outra [médica] entrou, ela tentou fazer com que nós burlássemos o sistema do Ministério da Saúde. Insistiu que a criança deveria ser vacinada com qualquer dose, ou CoronaVac ou Pfizer. Aí a mãe rasgou o cartão e a [irmã] médica disse: ‘Então você vai dar a CoronaVac’. Eu disse: ‘Eu não posso fazer isso, porque isso é quebrar o protocolo do Ministério da Saúde. A senhora, como profissional de saúde, deve entender, e eu, como profissional da saúde e responsável pela vacinação, tenho que ter responsabilidade com as crianças e tenho que ter responsabilidade com meu serviço e não vou fazer dessa maneira’.

"Foi quando elas se tornaram extremamente agressivas. Quando a gerente disse que ia solucionar o caso, tirando uma foto e mandando para a Coordenação Geral do Distrito, elas simplesmente pularam em mim”.

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