Morre Eunice Jorge dos Santos, do grupo As Ganhadeiras de Itapuã
Conhecida como Nicinha, ela era uma das fundadoras e também das mais influentes participantes do grupo
Foto: Divulgação / Ricardo Prado
Uma das fundadoras do grupo 'As Ganhadeiras de Itapuã', Eunice Jorge dos Santos morreu, segundo informações divulgadas na noite de sexta-feira (24), pelo próprio grupo.
A postagem dizia que a família das Ganhadeiras de Itapuã perdeu uma das suas participantes mais influentes:
"É com imensa tristeza que comunicamos o falecimento da nossa compositora, cantora e sambadeira Eunice Jorge dos Santos, a família Ganhadeiras perde uma das suas mais influentes participantes, mulher de muita fé que fará muita falta em nossas vidas. Vá em paz minha querida e com certeza serás mais um ser de luz a nos guiar".
Popularmente conhecida como Nicinha, ela foi uma cantora, compositora e sambadeira. Não há foram divulgados detalhes sobre a causa da óbito.
O sepultamento está marcado para a manhã deste sábado (25), às 10h, no Cemitério Bosque da Paz, no bairro de Nova Brasília.
As Ganhadeiras de Itapuã
As Ganhadeiras de Itapuã remontam uma trajetória de gerações e séculos. O bairro de Itapuã, em Salvador, era uma vila de pescadores, e um grupo de mulheres negras já lutava pela subsistência de suas famílias.
Elas lavavam de ganho, preparavam peixes e outras iguarias para vender na rua, mercados, feiras. Iam a pé até o centro da cidade, equilibrando balaios nas cabeças. No trajeto, “para espantar o cansaço”, iam compondo e cantando; eram cantigas de roda, sambas e cirandas. Dessa tradição, surgiu o grupo Ganhadeiras de Itapuã.
Cronistas do dia dia, as Ganhadeiras comunicam-se com diferentes gerações. Em pleno litoral da capital baiana, a música do grupo foi nomeada de “Samba de Mar Aberto”, que se distingue das células do samba de roda do Recôncavo e traz características próprias, é aberta à influência da ciranda, sambas de diferentes matrizes, candomblé entre outras misturas rítmicas.
O grupo já recebeu o Prêmio Culturas Populares – Mestre Duda 100 Anos de Frevo, concedido pelo Ministério da Cultura, e foi reconhecido como uma das iniciativas exemplares das culturas populares do Brasil.
Em 2014, lançou um disco homônimo que em 13 músicas reúne raridades da cultura negra baiana e brasileira, candomblé, a importância da presença e liderança feminina, o amor pela natureza e crianças. O trabalho foi contemplado na 26ª edição do Prêmio da Música Popular Brasileira na categoria Melhor Grupo e Melhor Álbum Regional em cerimônia realizada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.