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Médico suspeito por fraude em registros de vacina em SP segue trabalhando

Segundo hospital , Farley é prestador de serviço da instituição e a sua conduta não tem nada que o difame

| Autor: Redação
Médico suspeito por fraude em registros de vacina em SP segue trabalhando

Foto: Tânia Rêgo /Agência Brasil

O médico Farley Vinícius Alencar de Alcântara é um dos alvos da operação da Polícia Federal (PF) que investiga um suposto esquema de fraude em dados de vacinação contra a Covid-19. Ele teria sido o primeiro a realizar tentativa de inclusão da informação falsa de aplicação de vacina no sistema do Ministério da Saúde.

Atualmente, Farley  trabalha e é bolsista no hospital H. Olhos, na cidade de São Gonçalo (RJ). 
Procurada pelo portal da CNN na quinta-feira (4), a unidade de saúde informou que o médico é um “prestador de serviço da instituição e a sua conduta não tem nada que o difame”.

“O H.Olhos São Gonçalo irá aguardar a conclusão das investigações para avaliar quais medidas serão tomadas”, completou a instituição.
Porém, apesar dessa afirmação, na sexta-feira (6), o nome de Alcântara foi retirado do site oficial da unidade de saúde. 

Questionado se algo mudou de quinta para sexta, o H. Olhos na cidade de São Gonçalo não respondeu aos questionamentos.
Fontes ligadas ao hospital disseram à reportagem que o intuito é desasociar o nome do profissional do local, mas que ele deverá seguir trabalhando normalmente.

Segundo a Polícia Federal, o médico  atuava como plantonista no Hospital Municipal de Cabeceiras, cidade do interior de Goiás, a pouco mais de 100 quilômetros de Brasília, quando escreveu informações falsas à mão em um cartão de vacinação. 

De início, a fraude teria o objetivo apenas de beneficiar Gabriela Santiago Ribeiro Cid, esposa de Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL). Para isso, ele teria pegado dados verdadeiros de uma enfermeira que de fato se vacinou para forjar a vacinação de Gabriela Cid.

No entanto, para dar mais veracidade, de acordo com a PF, os envolvidos adicionaram a aplicação do imunizante no sistema do Ministério da Saúde diretamente da cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Esse esquema teria iniciado em 2021 e levado à falsificação de vacinação também de Bolsonaro e sua filha mais nova.

A corporação também pontuou que o médico Farley Vinícius Alencar de Alcântara teria alertado os envolvidos na falsificação que o sistema do Ministério da Saúde iria rejeitar a inclusão de vacinação no Rio de Janeiro.
Isso porque o imunizante citado era de um lote de Goiás, enviado para a cidade de Cabeceiras, e não um lote enviado pelo ministério para a cidade fluminense. Diante disso, teria havido uma troca de mensagens entre os envolvidos para que se encontrasse um lote de vacinas enviado para Duque de Caxias, o que foi descoberto pela Polícia Federal.

 Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a operação da PF, há a informação de que “diante da dificuldade de inserir os citados dados no sistema de saúde do Rio de Janeiro, Farley, posteriormente, teria fornecido cartão de vacinação em branco para preenchimento com dados relativos ao Rio de Janeiro, a fim de possibilitar o registro no sistema”.

Ainda segundo a PF, Farley Vinícius Alencar de Alcântara é sobrinho do sargento do Exército Luís Marcos dos Reis, ex-integrante da equipe de Mauro Cid, ambos presos nesta quarta-feira (3).

De acordo com as investigações, eles “praticaram o delito de falsidade ideológica, ao inserirem declaração falsa de vacinação contra o COVID-19 em documento público”.
Procurada, a prefeitura de Cabeceiras, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, afirma que Farley Vinícius Alencar de Alcântara prestou serviços no local até dezembro de 2021, “não tendo nenhum vínculo junto as Unidades Básicas de Saúde que são responsáveis pela vacinação.”


 

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