NotíciasCidade Mãe de aluno ataca livro infantil do rapper Emicida; OAB vê racismo religioso

Mãe de aluno ataca livro infantil do rapper Emicida; OAB vê racismo religioso

"Eu não recomendo livros religiosos em escolas, já que a Bíblia foi retirada de lá", escreveu mulher em uma das páginas

| Autor: Redação

Foto: Reprodução/g1

A mãe de um aluno do ensino fundamental de uma escola particular de Salvador fez ataques ao livro infantil Amoras, do rapper Emicida. As páginas do livro foram riscadas com indicações de salmos bíblicos, enquanto orixás são denominados como "anjos caídos", segundo reportagem do portal g1.

A advogada criminalista Dandara Amazzi Lucas Pinho, conselheira da OAB na Bahia, classifica o caso como racismo religioso. 

De acordo com a direção da unidade de ensino, o livro do rapper foi encontrado com as declarações na segunda-feira (6), após pais de alunos informarem que o livro estava com textos escritos à mão com mensagens preconceituosas. "Antes de começar essa leitura, leiam ou peçam para lerem o Salmo 155; 4-8", escreveu a mulher no início do livro. "Eu não recomendo livros religiosos em escolas, já que a Bíblia foi retirada de lá", grafou em outra página.

A obra foi indicada como sugestão de publicações didáticas para o projeto intitulado Ciranda Literária, que teve início na sexta-feira (3). Nele, os responsáveis pelas crianças são convidados a comprar livros sugeridos pela unidade de ensino que, em seguida, são levados à escola e disponibilizados entre os alunos.

O livro narra a história de uma menina negra que está aprendendo a se reconhecer no mundo. Em conversas com seu pai, ela tem acesso a conhecimentos ligados às culturas e religiões diferentes, além de ser apresentada a grandes ícones das lutas dos povos negros, como Zumbi, Martin Luther King e Malcolm X.

Ao g1, a direção da escola disse que é contra as declarações escritas no livro e assegurou que a obra será reposta, para que os estudantes continuem tendo acesso ao conteúdo do livro. Outra medida que deve ser tomada é a convocação da família para uma reunião.

Sem ser identificada, a mulher que fez marcações no livro disse não considerar o caso como intolerância religiosa, já que escreveu no livro que ela mesma comprou e não se negou a levá-lo à escola.

O rapper Emicida ainda não se manifestou.
 

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