Grande Salvador alcança marca de 1.000 baleados em oito meses
Capital baiana lidera ranking, com 703 vítimas de armas de fogo, 523 mortos e 180 feridos
Foto: Polícia Civil da Bahia
Mil pessoas foram baleadas em Salvador e em cidades da região metropolitana entre 1º de julho de 2022 e o início deste mês, aponta balanço do instituto Fogo Cruzado. Segundo o levantamento, deste total, houve 769 mortos e 231 feridos por arma de fogo.
A capital baiana lidera o ranking dos municípios em que mais pessoas foram baleadas (veja mais abaixo).
O caso da milésima vítima morta a tiros aconteceu no município Madre de Deus, na segunda-feira (3). Três pessoas foram mortas em regiões próximas: duas não identificadas na rua Roraima, e uma mulher de 20 anos, identificada como Quessia Souza dos Santos, na rua Barbeirinho.
As primeiras vítimas de arma de fogo registradas pelo instituto foram em um tiroteio no terminal de ônibus de Pirajá, no dia 1º de julho de 2022 —primeiro dia de atuação do Fogo Cruzado em Salvador. Naquela ocasião, uma pessoa foi morta e seis acabaram feridas.
O mapa da violência em Salvador e RMS
Salvador: 703 vítimas de armas de fogo, 523 mortos e 180 feridos
Camaçari: 94 vítimas de armas de fogo, 77 mortos e 17 feridos
Simões Filho: 44 vítimas de armas de fogo, 37 mortos e 7 feridos
Mata de São João: 35 vítimas de armas de fogo, 30 mortos e 5 feridos
Lauro de Freitas: 33 vítimas de armas de fogo, 24 mortos e 9 feridos
Dias D'Avila: 29 vítimas de armas de fogo, 28 mortos e 1 ferido
Candeias: 25 pessoas mortas por arma de fogo
Vera Cruz: 17 vítimas de armas de fogo, 10 mortos e 7 feridos
São Sebastião do Passé: 10 vítimas de armas de fogo, 5 mortos e 5 feridos
Itaparica: 3 pessoas mortas por arma de fogo
Madre de Deus: 3 pessoas mortas por arma de fogo
Pojuca: 3 pessoas mortas por arma de fogo
São Francisco do Conde: 1 pessoa morta por arma de fogo
O perfil da violência armada
324 pessoas foram atingidas durante ações e operações policiais (261 mortas e
63 feridas), 39 pessoas foram vítimas de bala perdida (13 mortos e 26 feridos) e
93 mortas em chacina.
880 homens foram baleados (711 mortos e 169 feridos). Entre as mulheres, 95
foram baleadas (54 mortas e 41 feridas), quatro delas vítimas de feminicídio.
11 crianças foram baleadas (uma morta e 10 feridas), 30 adolescentes (21 mortos
e nove feridos), 940 adultos (735 mortos e 205 feridos) e 17 idosos (10 mortos e
sete feridos). Não foi possível obter a identificação de duas pessoas mortas.
235 pessoas negras foram baleadas, 45 brancas, e uma pessoa amarela. Dos
1.000 atingidos por arma de fogo, 719 não tiveram recorte racial identificado.
34 agentes de segurança foram vítimas da violência armada, dos quais 13 foram
mortos e 21 feridos. Entre as vítimas estavam também 29 ex-detentos (26
mortos e 3 feridos), 12 mototaxistas (nove mortos e três feridos), 11 vendedores ambulantes (cinco mortos e seis feridos), 10 motoristas de aplicativo (nove mortos e um ferido), nove rifeiros mortos, dois motoboys
mortos, duas grávidas feridas e um político morto.
Outros números
Entre as 1.000 vítimas estão 11 crianças (uma morta e 10 feridas), 30 adolescentes (21 mortos e nove feridos), 940 adultos (735 mortos e 205 feridos) e 17 idosos (10 mortos e sete feridos).
Outras duas pessoas não tiveram a faixa etária informada.
Ao todo, 324 pessoas foram baleadas durante ações e operações policiais — 261 morreram e 63 ficaram feridas.
39 pessoas foram vítimas de bala perdida (13 mortos e 26 feridos) e 93
foram mortas em chacinas.
Os dados apontaram que 71 pessoas foram atingidas dentro de residências (66 mortas e cinco feridas); 34 foram baleadas em bares (20 mortos e 14 feridos); 27 foram baleadas em eventos (10 mortos e 17 feridos); e nove foram baleadas enquanto estavam em transporte público (dois mortos e sete feridos). Houve registros da morte de uma pessoa em um shopping e da morte de outra pessoa em uma barbearia.
Sexo masculino no topo
Nesses quase nove meses de mapeamento, 880 homens foram baleados (711 mortos e 169 feridos) e 95 mulheres atingidas, sendo 54 mortas e 41 feridas. Do total de mulheres mortas (54), quatro foram vítimas de feminicídio. Houve o registro da morte de uma pessoa não-binária e não foi possível obter a identificação de gênero de 24 pessoas (três mortas e 21 feridas).
Das 1.000 vítimas registradas, 235 eram pessoas negras, destas, 215 foram mortas e 20 feridas. Há também o registro de 45 pessoas brancas baleadas (40 mortas e cinco feridas) e de uma pessoa amarela ferida. Não foi possível obter a identificação racial de 719 pessoas (514 mortos e 205 feridos).
Metodologia colaborativa
A coordenadora regional do Instituto Fogo Cruzado na Bahia, Tailane Muniz, explica que o banco do instituto utiliza uma metodologia colaborativa e passível de checagem, tanto pela sociedade civil quanto pelo Estado.
“O Fogo Cruzado tem a maior base de dados sobre violência armada da América Latina. O Instituto atua de forma colaborativa, ou seja, nossos dados podem ser fornecidos pela própria população por meio do aplicativo que disponibilizamos. Além disso, acreditamos que a transparência é um dos pilares para políticas públicas bem sucedidas. Nossos dados são abertos, podem ser checados e utilizados por quem desejar”, afirma.