Gasolina em refinaria privatizada na Bahia custa 27,4% mais que a da Petrobras
Antiga Landulpho Alves (Rlam) foi vendida ao fundo de investimento árabe Mubadala
Foto: Domingos Júnior/Varela Net
No estado da Bahia, a gasolina na Refinaria de Mataripe, antiga Landulpho Alves (Rlam), já está custando 27,4% a mais do que a vendida pela Petrobras. A Rlam foi comprada pelo fundo de investimento árabe Mubadala. As informações são do Observatório Social da Petrobras (OSP), órgão que tem ligação com a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
Ainda segundo o OSP, a diferença em relação ao valor do diesel S-10 é maior ainda, 28,2%. Os combustíveis distribuidos pela refinaria tiveram mais um reajuste no último sábado (5), o quinto aumento em 2022. Atualmente, a Mataripe tem os preços mais altos do Brasil, comparando com as refinarias da Petrobras.
O preço da gasolina na Bahia deve ultrapassar a do Rio de Janeiro, estado com os maiores preços e o maior ICMS do País, no momento.
Por conta dos aumentos, a Bahia é o estado com menor discrepância em relação aos preços internacionais. No porto de Aratu, a diferença do diesel e da gasolina nesta terça (8), era de 16% e 11%, respectivamente, enquanto nos outros portos do país, a defasagem chega a 36% no diesel e de 32% na gasolina.
"Chegamos a um momento em que a população deve decidir se seguiremos com a agenda privatista ou se manteremos os ativos estatais da Petrobras. Se o processo de privatização do parque de refino da companhia continuar, isso que está acontecendo na Bahia se ampliará para o restante do Brasil", disse Eric Gil Dantas, economista do OSP.
Eric também afirmou que o conflito na Ucrânia intensificou o problema, mas que a alta na gasolina e no diesel na Bahia já é estrutural com a privatização.
No Golfo do México, que é utilizado como referência para o Preço de Paridade de Importação (PPI), política de preços da Petrobras, o crescimento do valor da gasolina foi de 15% na semana passada, segundo Dantas.
"Entretanto, os custos para produzir gasolina e diesel no Brasil não mudaram. O único custo que aumentou foi o pagamento de participações governamentais. A Petrobras pode sim segurar os preços localmente sem que haja prejuízos contábeis. O último resultado, com lucro líquido de R$ 106 bilhões e distribuição de dividendos de R$ 100 bilhões, mostra o quanto de gordura a empresa tem para queimar", completou.