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Ex-pacientes de ginecologista relatam assédio durante consulta na Bahia

Caso é investigado pela Polícia Civil

| Autor: Redação

Foto: Reprodução/TV Bahia

Duas ex-pacientes do ginecologista Elziro Gonçalves de Oliveira relataram novas denúncias contra o médico, que está sendo acusado de assédio por uma administradora durante uma consulta, no centro médico do plano Caixa Assistência dos Empregados do Baneb (Casseb), em Salvador, há cerca de um mês. O caso é investigado pela Polícia Civil. As informações são do g1. 

Ambas duas mulheres se consultaram com Elziro há mais de 10 anos e preferiram não se identificar. O caso segue sendo investigado pela Polícia Civil. O ginecologista, que negou as acusações, foi afastado dos atendimentos do plano durante apuração do caso. 

"O procedimento do toque nos seios foi bem mais delicado do que o normal. Mais no formato de carinho do que de toque, apalpar. Quando ele foi fazer o exame mesmo, fez perguntas como se eu fazia sexo anal, se me masturbava", relatou a corretora de imóveis, de 41 anos, uma das ex-pacientes. 

A vítima contou ainda que o ginecologista perguntava se ela estava tensa e alisava uma das pernas dela, acrescentando também que ele a atendeu sem luvas e teria justificado que estava com um "pequeno processo alérgico na mão".

Assim que saiu do consultório, a mulher registrou uma denúncia em uma urna, no Casseb, mas nunca recebeu resposta.

A outra vítima contou que realizou duas cirurgias de histerectomia e uma plástica vaginal com o médico, mas não teve problemas. Os abusos teriam começado durante as consultas de revisão.

“Eu pedi o roupão. Ele pediu para que eu pudesse me despir para poder fazer o curativo e aí, ele disse que não era necessário usar o roupão. E eu disse para ele: ‘Mas por que não usar o roupão? Eu vou sair assim despida?”, contou a ex-paciente. 
Na sequência, o médico disse que ele já tinha feito os procedimentos cirúrgicos dela e por isso, não teria motivos para que ela "escondesse" o corpo dele.

“Fez um toque anal, eu senti dor e perguntei porque eu estaria fazendo esse toque, desde quando a cirurgia foi histerectomia e abdômen. Abriu o abdômen e a plástica vaginal, não tinha por que, ele disse que tinha que fazer o exame para que pudesse verificar se estava tudo normal", continuou a vítima. 

A mulher relatou que se sentiu triste, envergonhada e com sentimento de que teve a privacidade invadida ao sair do consultório. Uma semana depois, ela voltou para uma outra revisão e o médico teria feito mais um pedido para que ela não usasse o roupão.

"Ele disse que era desnecessário. Mais uma vez, ele fez outro toque retal, mas quando ele fez novamente o toque retal eu questionei: ‘Doutor, de novo?’", relatou a mulher.

A mulher disse que novamente o ginecologista justificou que estava verificando se "estava tudo normal". Ela respondeu então que ele estava a machucando e que não estava gostando. 

A mulher contou que teve uma surpresa desagradável quando relatou o assédio para seu companheiro. "Ele disse para mim que se aconteceu pela segunda vez é porque eu tinha dado liberdade pra isso”.

Certo tempo depois, a vítima recebeu uma ligação do médico para perguntar o motivo de ela ter deixado de ir às consultas. "E eu disse para ele: ‘Não voltar mais para revisão, porque o senhor não teve um comportamento correto comigo, eu não vou voltar”.

A advogada Daniela Portugal afirmou que não há como saber se os casos dessas duas vítimas prescreveram, uma vez que isso depende de como o Ministério Público e a Justiça vão identificar o crime.

"Ainda assim é importante que todas as mulheres que passam por situações semelhantes notifique os fatos, porque isso vai gerar provas naquele processo, para que a gente tenha elementos suficientes para condenar", ressaltou a advogada. 


 

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