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Entenda todo o contexto e importância do Dia da Baiana de Acarajé

A data carrega uma grande história

| Autor: Vítor Lyrio

Foto: Vítor Lyrio

O Dia da Baiana de Acarajé, que é celebrado em 25 de novembro, é uma data que homenageia uma das figuras mais emblemáticas da cultura afro-brasileira: a baiana de acarajé. Essa mulher, símbolo de resistência, tradição e religiosidade, não apenas mantém viva uma das mais importantes expressões gastronômicas da Bahia, mas também carrega consigo séculos de história, luta e preservação de uma cultura ancestral. A baiana de acarajé representa a união de sabores, história e fé, sendo uma das grandes responsáveis pela perpetuação de uma tradição que transcende o simples ato de cozinhar.

O acarajé, prato tradicional da Bahia, é feito a partir de feijão-fradinho, cebola, sal e dendê, e é frito até adquirir uma crocância irresistível. Recheado com vatapá, caruru, camarão seco, salada e pimenta, o acarajé é muito mais do que uma iguaria da culinária baiana: ele é um símbolo de resistência, de fé e de herança africana. A história do acarajé remonta às tradições dos povos yorubás, que traziam em suas receitas os saberes ancestrais de uma culinária rica em temperos e significados espirituais. No candomblé, por exemplo, o acarajé é oferecido como sacrifício aos orixás, como Iansã e Xangô, carregando consigo um profundo significado religioso.

As baianas de acarajé, com suas barracas coloridas e seus trajes típicos, saias rodadas, turbantes e sempre com um bom humot são uma das imagens mais icônicas da cidade de Salvador. Elas não são apenas vendedoras de um prato saboroso, mas sim guardiãs de uma tradição cultural que atravessa gerações. Sua presença nas ruas da capital baiana é um lembrete constante de que a culinária, a fé e a resistência caminham juntas. Em muitos casos, a baiana de acarajé é uma mulher que, além de trabalhar para garantir o sustento de sua família, também preserva uma memória coletiva dos povos africanos trazidos ao Brasil durante o período colonial.

A luta pelo reconhecimento da profissão da baiana de acarajé vem sendo travada há décadas. Em 2004, o acarajé foi oficialmente reconhecido como patrimônio cultural imaterial da Bahia, e a profissão da baiana de acarajé foi regulamentada. Isso garantiu direitos trabalhistas e a valorização do ofício, que até então enfrentava dificuldades em ser reconhecido como um trabalho legítimo. Esse reconhecimento foi reforçado por uma série de movimentos e ações que buscam não só proteger a cultura baiana, mas também garantir o direito das mulheres negras, que representam a grande maioria das profissionais nesse campo. A data de 25 de novembro, instituída como o Dia da Baiana de Acarajé, tem um significado duplo: é uma comemoração ao trabalho dessas mulheres e uma oportunidade de refletir sobre a importância da cultura afro-brasileira na formação da identidade nacional.

Essa data também se insere em um contexto de reflexão sobre o papel da mulher negra na sociedade brasileira. As baianas de acarajé não são apenas representações de uma culinária deliciosa, mas também símbolos de resistência contra as desigualdades históricas que marcaram a sociedade brasileira. A história da baiana de acarajé está entrelaçada com a história da escravidão e da luta por liberdade, pois muitas dessas mulheres, ao longo do tempo, encontraram no acarajé uma forma de sustento e de preservação das tradições de seus ancestrais. De geração em geração, o ofício foi se fortalecendo e se tornando uma importante manifestação de resistência cultural, mostrando que, mesmo diante das adversidades, as mulheres negras sempre encontraram formas de manter suas raízes vivas.

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