Conheça as histórias marcantes de personagens do 2 de Julho
Baiana que se veste de Maria Quitéria, Caboclo Guarany da Ilha de Itaparica e Dona de casa que transforma sua residência em camarote para os desfiles da Independência, são alguns dos personagens entrevistados pela equipe do Varela Net
Foto: Domingos Junior/Varela Net
Nas primeiras horas da manhã deste sábado (2), o Largo da Lapinha, conhecido pela preservação de festas tradicionais da Bahia, foi tomado por uma multidão de baianos e turistas que aguardavam ansiosamente o início das comemorações do Dois de Julho, dia em que é festejado a expulsão das tropas portuguesas e a Independência da Bahia.
Vestidos com roupas nas cores branca, azul e vermelha, lembrando as cores da bandeira da Bahia, crianças, jovens, adultos e idosos não se intimidaram com a chuva e acompanharam com atenção e brilho nos olhos, o desfile cívico de grupos folclóricos, bandas de Fanfarras e Percussão, que saudavam os heróis da Independência da Bahia.
Entre os homenageados no ato estavam Joana Angélica, religiosa e mártir da Independência ao tentar impedir que os soldados portugueses invadissem o Convento de Nossa Senhora da Conceição da Lapa na Bahia. Maria Quitéria, primeira mulher a integrar as Forças Armada do país, após se vestir de soldado para lutar pelo estado. Maria Felipa, pescadora e marisqueira que liderou um grupo de 200 homens que destruíram mais de 40 embarcações portuguesas, e General Labatut, que conseguiu organizar e liderar um exército composto por voluntários, na sua grande maioria de pessoas humildes, na luta pela Independência da Bahia.
A equipe do Varela Net conheceu dona Romilda Anunciação, de 57 anos, que há quatro décadas acorda às duas horas da manhã para se vestir de Maria Quitéria, em celebração ao Dois de Julho. Ela contou que sua história de luta é cheia de semelhanças com a da heroína baiana.
“Há 45 anos que eu venho fazendo parte deste lindo desfile, que tem tudo a ver comigo. Maria Quitéria fugiu para lutar contra os português e eu fugi de casa”, revelou a baiana, que venceu diversas batalhas na vida, principalmente contra enfermidades. “Pra mim é uma história [de Maria Quitéria] que fico sem palavras, sem saber o que falar de tanta emoção”, completou.
O caboclo Guarany, Emanoel Pita Brito, de 49 anos, desfilou com muita alegria e animação ao lado da imagem do caboclo e da cabocla, no Centro Histórico de Salvador. Ele falou sobre a emoção de novamente comemorar a Independência da Bahia nas ruas da cidade, após dois anos sem grandes festejos por conta da pandemia da Covid19.
“Os Caboclos de Itaparica participam do cortejo de 2 de julho desde a década de 60. Esses dois anos que ficamos parados por conta da pandemia foram complicados. É uma emoção muito grande retornarmos ao cortejo representando os nativos Itaparicanos que doaram suas vidas pelos ideais de liberdade nas batalhas de 7 janeiro de 1823”, declarou Emanoel, lembrando que parte da guerra da independência do Brasil aconteceu em Itaparica.
Há décadas a janela da residência de dona Cassilda Salomão, de 65 anos, se torna um dos principais camarotes no Santo Antônio Além do Carmo para prestigiar o 2 de Julho. Com a fachada enfeitada com adereços em comemoração a Independência da Bahia, a baiana contou que toda sua família ‘mete mão na massa’ para arrumar o imóvel.
“É uma tradição familiar e recebemos todas as pessoas aqui. Entendeu? É maravilhoso”, disse Cassilda, que também abre as portas para turistas curtirem o cortejo de dentro de sua casa.
Desde garoto, Neilton Dórea, de 72 anos, atual presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo da Bahia (CAU/BA), acompanha os desfiles de Dois de Julho de perto. Ele aprovou a organização do cortejo, após dois anos sem grandes comemorações da Independência da Bahia.
“Realmente é um retorno muito legal. Há muito tempo eu venho ao Dois de Julho. É uma tradição que tenho de todos os anos estar aqui, então bora voltar com muita força”, pontuou Neilton, que também aproveita o momento para rever amigos e colocar os papos em dias.
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