NotíciasCidade"Quase decretação de falência do serviço mototáxi”, diz presidente de sindicato

"Quase decretação de falência do serviço mototáxi”, diz presidente de sindicato

Com constantes reajustes nos preços dos combustíveis, motoristas profissionais têm passado por dificuldades: "é levar os dois litros de combustível ou 10 pães para sustentar a família"

| Autor: Sanny Santana

Foto: Domingos Junior / Varela Net

Os combustíveis sofreram mais um reajuste, o primeiro de 2022. O último ocorreu na quarta-feira (12), quando a gasolina e o diesel elevaram o preço de venda para as distribuidoras e, consequentemente, para os consumidores, após 77 dias sem aumentos.  

Com a mudança, o preço médio da gasolina da Petrobras subiu de R$ 3,09 para R$ 3,24 por litro, um reajuste de 8%, enquanto o diesel passou de R$ 3,34 para R$ 3,61, chegando a 4,85%. Nos postos de combustíveis, o valor médio da gasolina varia de R$ 6,70 e R$ 7,10. 

E os constantes reajustes impactam ainda mais para as pessoas que trabalham como taxistas e mototaxistas. O presidente da Associação do Motociclista Profissional da Bahia (ASMOP Bahia), Adailson Couto, por exemplo, classifica a situação como uma “quase decretação de falência do serviço de mototáxi”.   

Adailson, também conhecido como ‘Dragão’, ainda afirmou que o preço da gasolina e do diesel fazem os profissionais escolherem entre “levar para casa os dois litros de combustível ou 10 pães de leite para sustentar a família”. 

Para Ademilton Paim, presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), não é diferente. As alterações nos preços dos combustíveis vêm prejudicando os trabalhadores, principalmente pela ausência de reajuste no valor da tarifa dos táxis, o que faz com que as corridas não compensem o pagamento pela gasolina e diesel.  

"Estamos tentando discutir junto com a Secretaria de Mobilidade Urbana (Semob) um reajuste de tarifa, que já tem cinco anos defasado, sendo que o combustível aumentou”, contou Paim. 

Um conjunto de dificuldades rodeiam os taxistas. Além do aumento da gasolina e o valor de tarifa defasado, os carros de táxi estão cada vez mais caros. “O carro aumentou mais de 70%. Só para ter uma ideia, o carro que antes a gente comprava por R$ 42 mil, hoje vale R$ 90 mil. O táxi mais barato hoje, mesmo com a rejeição que temos, não é menos que R$ 60 mil”, disse. 

“Para dificultar mais ainda, não podemos circular com carro que tenha mais de oito anos. Temos mais de 500 táxis sem poder circular por conta do ano e a falta de condição de comprar um mais novo (...) Estamos sofrendo muito, mas somos resistentes”, finalizou.  

Política de preços
Para a Petrobras, esses ajustes “são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento”, reiterando o compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado.  

A justificativa é compartilhada com o presidente do Sindicombustíveis, Walter Tannus, que acredita ser essa a “política adotada por uma empresa que tem concorrências mundiais”.   

“Essa é a política de todo o mundo, infelizmente. Não podemos só olhar para o preço do produto, mas também para todos os elementos que compõem o preço do produto, inclusive a carga tributária”, opinou.   

Apesar disso, ele diz não ser justa a sequência de alta nos preços dos combustíveis diante da crise que a população enfrenta. “O que falta são as autoridades públicas do país sentarem e definirem outra política de preço”, disse Tannus, que completou: “Impacta de forma bastante grave. Impacta na redução do uso do veículo, no desemprego e na queda de renda do povo brasileiro”.  

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