Acampados há 6 dias na porta da Prefeitura, guardas municipais desafiam limites
Profissionais de segurança encaram dificuldades para higienização básica, alimentação e os impactos causados pelas condições climáticas
Foto: Domingos Júnior/Varela Net
Em condições extremamente precárias, os Guardas Civis Municipais de Salvador permanecem acampados em frente à Câmara Municipal, reivindicando a implantação de um plano de carreira e também a admissão dos concursados da categoria. Com apoio do Sindicato dos Servidores da Prefeitura do Salvador (Sindseps), a classe montou barracas para a estadia na região, onde os trabalhadores têm passado por diversas situações adversas.
Dificuldades para higienização básica, alimentação e os impactos causados pelas condições climáticas foram algumas da situações enfrentadas pelos manifestantes lá instalados. Aguardando a admissão dos guardas concursados, Ueslei Brito, de 35 anos, contou sobre as dificuldades enfrentadas nos últimos dias pelos profissionais, revelando até um impacto psicológico e consequências no dia-a-dia e na família.
"Nós já estamos aqui há quatro anos nessa labuta com a prefeitura de Salvador. Dedicamos nosso tempo, largamos nossa família e filhos em casa, muitos de nós desempregados. Mais de 20 vezes já realizamos atos de protesto. Estamos aqui há mais de cinco dias e a prefeitura só faz nos enganar. Prometeu 3.500 Guardas Municipais, pegou a guarda com 1.600 e hoje ACM Neto entregou a Bruno Reis a instituição com 1.200, ou seja, 400 a menos. Estamos passando necessidade, dependendo de banheiro, dependendo das necessidades básicas, alimentação, higiene. Temos que pedir um ao outro, porque não há uma verba fixa para nos auxiliar nessa situação. Todo mundo viu as chuvas que caíram em Salvador nesta última semana, mas nós estamos aqui debaixo de chuva e sol. Nós não devíamos precisar disso, porque estudamos, dedicamos o nosso tempo e pagamos cursos preparatórios para ser aprovados no concurso público. A prefeitura não quer diálogo, não quer sentar numa mesa para conversar. Muitos estão passando por situações psicológicas, passando por traumas, por fragilidades na mente, na família, brigamos com esposa por conta desse momento difícil", desabafou Ueslei.
Sem poderem ter acesso a um banheiro, os guardas e os concursados não convocados têm utilizado estabelecimentos públicos para realizar uma higienização básica, além de enfrentarem dificuldades para comprar alimentos, que muitas vezes estragam nas barracas, numa região onde não há um mercado próximo.
Os servidores têm se revezado na estadia no protesto, com alguns precisando sair direto de seus plantões para a localidade, além de outros que precisam fazer o caminho inverso, indo trabalhar logo após deixar a manifestação. As instalações também são insuficientes para controlar os impactos das condições climáticas, como as fortes chuvas que caíram em Salvador nos últimos dias, e também o calor.
Revoltado com a situação, o também aprovado no concurso da prefeitura, Robson, de 28 anos, revela todas as dificuldades enfrentadas pelos manifestantes, no ato que já ocorre desde a última quarta-feira (2).
"Nós estamos há quase cinco dias aqui nessa luta. Já tomei sol, já tomei chuva, já dormi aqui, já tive dificuldade para me alimentar e passei fome porque aqui não tem mercado, não tem nada para vender. Às vezes precisamos trazer comida de casa, e em algumas oportunidades o alimento estraga. Não tem um banheiro adequado para fazer as necessidades fisiológicas nem para tomar banho, mas estamos dispostos a ficar o tempo que for necessário até que o prefeito sente e dialogue com a categoria, porque não é possível que uma cidade do tamanho de Salvador tenha apenas 1.280 guardas. Nós somos 366 aprovados querendo trabalhar e somar para a segurança pública do município. Infelizmente o prefeito Bruno Reis não dialoga. Pedimos encarecidamente que os aprovados no concurso sejam convocados. Estudamos, passamos na prova objetiva, no teste de aptidão física e também um psicoteste. Só falta ele (Bruno Reis) nomear. Já fazem quase três anos que estamos aguardando", comentou Robson.
De acordo com o assessor do Sindseps, Jeremias Silva, a categoria permanecerá acampando em frente à Câmara, e deve iniciar novos atos de protesto a partir de quarta-feira (7), como uma carreata em manifestação pelas reivindicações solicitadas.
Vídeo:
*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes