Professora trans é alvo de críticas após se fantasiar de Barbie em escola
O caso aconteceu em Campo Grande na última segunda-feira (10)
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Foto: Reprodução/X
A professora trans Emy Mateus Santos, 25 anos, da rede municipal de Campo Grande (MS), foi criticada por políticos após se fantasiar de Barbie durante a abertura do ano letivo na última segunda-feira (10). Em vídeo divulgado no X, a professora é gravada durante uma dinâmica com os alunos em que ela pergunta a eles a idade. Emy está vestida com uma saia rosa, botas rosas e uma peruca. Todos parecem se divertir, mas a fantasia da professora incomodou alguns. O caso virou alvo de um “processo de averiguação” da prefeitura por se vestir de princesa em sala de aula. A investigação concluirá se a docente, que leciona para alunos de 7 anos, descumpriu alguma norma.
Em pronunciamento, o deputado João Henrique Catan (PL) criticou a iniciativa da professora e cobrou um posicionamento da prefeitura. “A pauta da esquerda tem a intenção de proibir os alunos de levarem celular para dentro das escolas. Eu peço para colocar no telão o que um celular na mão de um aluno pode mostrar para o parlamento, para a sociedade. Um professor da rede pública municipal, mostrando para alunos de 7 anos de idade, como se veste, montado, de travesti. Um homenzarrão,
eu quero oficiar a rede pública, a Comissão de Educação aqui da assembleia também. Eu quero saber quem é esse professor, eu quero saber quem é esse diretor que permitiu que um professor entrasse na sala de aula fantasiado de travesti. Isso está no plano de ensino?”, disse o parlamentar.
Já o deputado estadual Pedro Kemp (PT) usou a tribuna para criticar a maneira como a situação foi apresentada pelo deputado João Henrique Catan, ressaltando que sua atitude reforça o preconceito e a violência contra pessoas transgênero. Kemp alertou para a responsabilidade dos parlamentares ao exporem publicamente uma pessoa, principalmente sem conhecer sua história de vida. “Ontem, no meu entendimento, o deputado Catan fez um discurso enviesado, inadequado, que expôs e atacou publicamente uma mulher trans. É temeroso expor alguém dessa forma com vídeo e imagens”, criticou.
O parlamentar petista destacou que a professora apenas buscava tornar a recepção dos alunos mais acolhedora e festiva, usando uma fantasia como parte de uma atividade pedagógica. “A professora preparou uma recepção com ludicidade e festa, um dia de acolhimento. Uma ação pedagógica que foi distorcida em uma falsa narrativa de cunho moralista. Uma injustiça muito grande”, afirmou Kemp.
A professora se pronunciou nas redes sociais: “Sou uma profissional, uma educadora, estudei para isso, sou uma mulher trans, sou travesti. Essa é minha identidade. Arte é arte. Foi um dia especial na escola. Fui convidada a me fantasiar para receber as crianças de forma diferente para o primeiro dia de aula!”, escreveu a docente.