Governo Lula anuncia reajuste salarial para militares
Os novos salários já começaram a valer nesta segunda-feira (1º)

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta sexta-feira (28), um reajuste salarial de 9% para os militares das Forças Armadas, incluindo Exército, Marinha e Aeronáutica. A medida, publicada por meio de uma Medida Provisória (MP) no Diário Oficial da União e assinada pelo presidente em exercício Geraldo Alckmin, será implementada em duas parcelas: a primeira, de 4,5%, entra em vigor a partir desta segunda-feira (1º), enquanto a segunda, também de 4,5%, está prevista para janeiro de 2026. O aumento beneficia militares da ativa, da reserva e pensionistas, abrangendo todas as patentes, de soldados a generais, e tem um impacto estimado de R$ 3 bilhões nos cofres públicos.
A decisão reflete uma negociação iniciada em 2024 entre o Ministério da Defesa, liderado por José Múcio Monteiro, e o Palácio do Planalto, com participação ativa dos comandantes das Forças Armadas. O reajuste é o mesmo percentual concedido aos servidores públicos federais civis, sinalizando um esforço do governo para equalizar o tratamento entre as categorias. O soldo, que é a base da remuneração militar, será ajustado, mas os vencimentos totais podem ser ainda maiores devido a adicionais como habilitação, tempo de serviço e disponibilidade militar. Por exemplo, o soldo de um soldado passará de R$ 1.926 para R$ 2.013 em abril e R$ 2.103 em 2026, enquanto um general de quatro estrelas, cujo soldo atual é R$ 13.471, poderá ultrapassar R$ 40 mil com benefícios incluídos.
A medida chega em um momento de atenção às Forças Armadas, poucos dias antes do aniversário de 61 anos do golpe militar de 1964, o que gerou reações mistas. Enquanto alguns celebram o reconhecimento financeiro aos militares, outros, como usuários no X, criticam a coincidência temporal, sugerindo uma ironia política. Especialistas apontam que o reajuste também responde a uma demanda antiga das tropas, que enfrentaram perdas inflacionárias nos últimos anos. Desde a reestruturação das carreiras em 2019, no governo Bolsonaro, os militares receberam aumentos graduais até 2023, mas o soldo-base permanecia sem atualização significativa, o que motivou pressões por parte dos comandantes e do ministro Múcio desde 2023.
Para entrar em vigor permanentemente, a MP precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional em até 120 dias, podendo sofrer alterações. O governo incluiu os recursos necessários no projeto da Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025, ainda pendente de sanção. A iniciativa reforça a estratégia de Lula de manter diálogo com os militares, uma relação que já passou por tensões no início do mandato, especialmente após os eventos de 8 de janeiro de 2023. Com esse aumento, o governo busca valorizar o trabalho das Forças Armadas, ao mesmo tempo em que enfrenta o desafio de equilibrar as contas públicas diante de um pacote de corte de gastos anunciado no fim de 2024.