Provas indicam participação de milícias em assassinato de Marielle, afirma Dino
Ministro da Justiça apontou para organizações criminosas que atuam no Rio como envolvidas no crime

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmou nesta segunda (24) que novas provas colhidas pela Polícia Federal apontam para o envolvimento de milicianos no assassinato da vereadora Marielle Franco, ocorrido em 2018 e até hoje não esclarecido.
Dino falou com a imprensa após a PF deflagrar a operação Élpis, primeira fase da investigação que apura os homicídios da vereadora, do motorista Anderson Gomes e da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. Na ação, o ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa foi preso.
"Sem dúvida há a participação de outras pessoas, os fatos revelados e as provas colhidas indicam isso. Indica uma forte vinculação desses homicídios, especialmente da vereadora Marielle, com a atuação das milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro. Isso é indiscutível", disse Dino, de acordo com a Folha de S. Paulo.
Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no dia 14 de março de 2018. Eles voltavam de um evento na Lapa, e seu carro foi alvejado enquanto passavam pelo Estácio, também na região central do Rio. Um ano após a morte, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos.
Cinco anos após o assassinato de Marielle, ainda não foi esclarecido quem foram os mandantes do crime e quais as motivações para matar a vereadora.
A operação da PF, segundo Dino, tem como ponto central da delação premiada do ex-PM Élcio Queiroz. No acordo, Queiroz, disse o ministro, confirmou a própria participação, de Ronnie Lessa e do ex-Bombeiro Maxwell Simões Corrêa no caso.
De acordo com o Ministério Público do Rio, os indícios que apontam para o envolvimento da milícia no caso passam, inclusive, pela participação de Maxwell no crime. Segundo os promotores, o ex-bombeiro já havia sido denunciado pela exploração do chamado "gatonet" —isto é, receptações ilegais de sinais de TV que são distribuídas a moradores de um bairro mediante pagamento de taxas extras. A prática é comum em áreas de milícia.