Brasil tem queda no indice de leitura; entenda
Queda se dá por diversos fatores ecônomicos, sociais e educacionais
Foto: Público nos estandes/© Filmart Media
O Brasil enfrenta um desafio significativo quando se trata de hábitos de leitura. De acordo com um novo estudo da Câmara Brasileira do Livro (CBL) baseado em dados do Censo 2022 do IBGE e da Nielsen BookData, apenas 16% dos adultos compraram livros nos últimos 12 meses. Esse cenário levanta questões sobre o perfil dos leitores no país e os fatores que impedem que mais pessoas se interessem pela leitura.
"Sempre fui de ler muito, hábito que criei na infância, os livros eram minhas melhores companhias. Mas de uns anos para cá esse hábito foi se perdendo, tanto meu como de outras amigas, o celular vai ficando mais interessante, as redes sociais vão tomando mais tempo, e a gente perde o interesse que tinha nos livros antes, além da rotina também, que ocupa tempo", comenta Laís Machado, estudante de jornalismo.
Como a tecnologia interfere no hábito da leitura?
O uso crescente de dispositivos tecnológicos pelas crianças, como celulares e computadores, tem despertado preocupações entre pais e educadores. Segundo especialistas, essa fixação em tela tem impacto negativo nos hábitos de leitura dos alunos em idade escolar.
A facilidade de acesso às redes sociais e ao entretenimento digital fez com que as crianças dedicassem menos tempo à leitura. Esta mudança comportamental é preocupante porque a leitura desempenha um papel crucial no desenvolvimento cognitivo e na aprendizagem das crianças.
"A forma tradicional de ler se perdeu, acredito que o maior desafio é provar que os livros são tão interessantes quanto os vídeos do TikTok ou YouTube. Mas as pessoas se reinventam, atualmente existem muitos 'booktokers' ou influenciadores que divulgam livros, isso aproxima da leitura novamente", acrescenta Laís.
Fatores contribuíram para esse feito
No Brasil, os perfis dos leitores variam de acordo com gênero, classe socioeconômica e nível educacional, e não apenas com a idade. As mulheres constituem a maioria dos compradores de livros, enquanto as classes A e B têm uma representação significativa. A escolaridade é um fator vital, pois nove em cada dez consumidores possuem níveis de escolaridade acima do ensino médio.
Apesar disso, a acessibilidade à leitura apresenta desafios significativos. Trinta e cinco por cento dos brasileiros veem os preços dos livros como uma barreira, enquanto 28% relatam falta de livrarias na sua área. Além disso, 26% relataram não ter tempo para ler, citando a necessidade de equilibrar as atividades em um cronograma acelerado.
No entanto, análises mais aprofundadas questionam essas justificações, implicando que os fatores culturais desempenham um papel importante. Os dados contradizem a noção de que os livros são produtos caros, indicando que outras despesas, como celulares, deveriam ser priorizadas mesmo entre os mais pobres. A falta de livrarias em muitos municípios reforça a crescente preferência por compras pela internet.
Como desenvolver o hábito de leitura?
Desenvolver o hábito de leitura pode ser um desafio para muitos adultos que desejam incorporar os livros à sua rotina diária. No entanto, algumas estratégias simples podem ajudar a superar esta barreira:
Comece com algo simples: Escolha uma leitura leve e reserve alguns minutos todos os dias para a atividade. O importante é dar o primeiro passo.
Tenha sempre um livro em sua mão. Aproveite o tempo de espera diário, que normalmente é gasto ao telefone, para ler e aprimorar seus conhecimentos, estimulando sua imaginação.
Mantenha-se atualizado com o mercado. As informações disponíveis influenciam nossos interesses. Com isso em mente, siga as páginas de editoras, livrarias, autores e outros entusiastas da leitura para descobrir novas obras e oportunidades.
Explore uma livraria: Se houver uma por perto, fique à vontade para explorar suas prateleiras. Ler sinopses e se envolver na sua curiosidade pode ser o primeiro passo para uma nova descoberta literária.