Professora sofre intolerância religiosa e é apedrejada por alunos

Uma professora da rede municipal de ensino de Camaçari, registrou um boletim de ocorrência e uma denúncia junto ao Ministerio Publico devido a racismo e intolerância religiosa que vem sofrendo por parte dos alunos da instituição.

Segundo a professora, os ataques ofensivos começaram quando alunos de 10 e 12 anos, da mesma família, ingressaram na Escola Municipal Rural Boa União, onde a professora trabalha. Os alunos se recusam a assistir à aula sobre cultura afro-brasileira. 

"No início do ano, chegaram novos alunos e, entre eles, três pertencentes a uma família evangélica tradicional. Essas crianças se incomodaram ao me verem em uma sexta-feira com minhas vestes tradicionais do Candomblé. Sou professora da rede municipal, mas também sou makota do Terreiro de Lembarocy, em Salvador", disse a professora.

"Passei a sofrer não apenas agressões verbais, mas também físicas. Fui apedrejada por esses três alunos. Em vários momentos em que eu chegava na sala de aula, havia versículos bíblicos escritos no quadro e uma Bíblia sobre a minha mesa." Continuou ela. 

Os pais dos alunos já formam informados sobre a conduta dos filhos, porem as agressões continuam. A direção da escola acionou a Secretaria de Educação de Camaçari, mas a única orientação foi para a professora parar de trabalhar com o livro que estava sendo usado nas aulas. 

Sobre a denúncia, a professora afirmou: "Que esses pais sejam chamados à responsabilidade e que compreendam que a Lei é para ser cumprida. Em momento algum tentei converter ninguém. O meu corpo é o meu direito, então as minhas contas, o meu vestido e o meu torço são direitos meus. Eles precisam orientar os filhos a respeitar, assim como respeito o direito deles. Preciso ser respeitada".